As centrais sindicais publicaram uma nota em apoio ao presidente Lula, que vem sofrendo críticas por ter comparado o massacre cometido por Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza ao Holocausto. Assinaram o documento CSB, CUT, CTB, UGT, Força Sindical, NCST, Intersindical e Pública.
As entidades lembraram que, desde outubro do ano passado, mais de 30 mil palestinos foram mortos pelas forças israelenses, e outras 70 mil ficaram feridas. Estima-se que cerca de metade das vítimas fatais sejam crianças.
Na carta, os sindicalistas afirmam que a fala de Lula contra os ataques de Israel defende “a vida, a paz e a soberania dos povos, em sintonia com as decisões da Corte Internacional de Justiça”.
“É imperioso parar com esse genocídio”, acrescentam.
Para as centrais, a afirmação de Lula “passa longe do antissemitismo” e, pelo contrário, reconhece a gravidade do Holocausto ao citá-lo como exemplo de extrema atrocidade.
“Atualmente o povo palestino sofre uma violência genocida do governo de Israel em retaliação aos ataques do Hamas em outubro de 2023. Não compactuamos com a violência de nenhum lado e queremos que a paz seja restaurada, para efetivamente proteger a vida e a soberania do povo palestino”, concluíram.
O que disse Lula sobre Israel
No domingo (18), durante encontro da União Africana em Adis Abeba, capital da Etiópia, Lula criticou a operação militar de Israel na Faixa de Gaza.
“O que está acontecendo não é uma guerra, é um genocídio. Porque não é uma guerra entre soldados, é uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”, disse em declaração aos jornalistas.
No entanto, o trecho que levou a uma crise diplomática entre Brasil e Israel veio em seguida, quando o presidente citou o massacre de milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial.
“O que está acontecendo neste momento na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, falou.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reagiu à declaração e disse que Lula “deveria ter vergonha de si mesmo” e que agiu como o “mais virulento antissemita” ao “desonrar a memória de 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas”.
Nesta segunda, o embaixador brasileiro em Israel foi chamado pelo Ministro das Relações Exteriores do país a comparecer ao Museu do Holocausto, em vez de marcar uma reunião na chancelaria entre os diplomatas.
No encontro público e repleto de veículos de imprensa, o chanceler Israel Katz falou em hebraico com o embaixador Frederico Meyer – idioma que o brasileiro não compreende – e anunciou que Lula era, a partir daquele momento, “persona non grata” em Israel.
A atitude foi considerada uma humilhação pelo governo brasileiro, que mandou que Meyer voltasse ao Brasil sem previsão de retorno.
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Foto: Ricardo Stuckert/PR