Central dos Sindicatos Brasileiros

‘Vamos qualificar dez milhões em cinco anos’, diz ministro do Trabalho

‘Vamos qualificar dez milhões em cinco anos’, diz ministro do Trabalho

Em entrevista ao DIA, Manoel Dias informou que a carteira de trabalho será substituída por um cartão eletrônico

A carteira de trabalho será substituída até o fim de 2015 por cartão eletrônico que terá todo o histórico do trabalhador, como o PIS e FGTS. O anúncio foi feito pelo ministro do Trabalho, Manoel Dias, em entrevista exclusiva ao DIA . Ele antecipou que até o fim do ano vai inaugurar a Universidade do Trabalhador. A iniciativa qualificará jovens em cursos técnicos e ampliará a formação regular nos Ensinos Médio e Superior. “Atenderemos dez milhões de pessoas nos primeiros cinco anos”.

O DIA: O desemprego entre os jovens chega a 17%. Como diminuir?

MANOEL DIAS: O percentual é alto. E quando fala-se em jovens pensamos no estudante, que é minoria. A maioria não estuda, está excluída, na periferia próxima na criminalidade. Daqui a pouco temos mais uma geração com baixa escolaridade, qualificação profissional e velha. Teremos programas para dar oportunidades. As iniciativas vão dar qualificação ao jovem.

Há proposta objetiva?

A Universidade do Trabalhador. Até o fim do mês eu assino. Será a distância com meta de qualificação profissional. Vamos oferecer alternativas de cursos técnicos, mas também ampliar a formação regular com Ensinos Médio e Superior. O potencial da universidade nos primeiros cinco anos é atender dez milhões de pessoas. A previsão é que comece a funcionar até o fim do ano.

É o que se espera do Ensino Médio, oferecer qualificação?

Vamos discutir proposta de qualificação na própria escola, onde o jovem na terceira série do Ensino Médio faz paralelamente curso de qualificação. Ao terminar, estará preparado para a universidade ou mercado de trabalho.

O que mais o ministério tem feito para facilitar a vida do trabalhador?

Lançamos na semana passada o Alô Trabalho, em que a pessoa não precisa mais se deslocar. Liga para o número de forma gratuita (menos de telefone móvel, que cobra tarifa normalmente) e terá informações sobre seguro-desemprego, abono salarial, carteira de trabalho, Caged.

E para quem for ao posto, o que é feito para agilizar o atendimento?

Estamos em fase de implantação do agendamento eletrônico. O trabalhador acessa a internet e marca a ida ao ministério para tirar a carteira ou dar entrada no seguro-desemprego, por exemplo. Ele chega e terá o documento em dez minutos, acabando com a fila.

E quando todos os dados, como carteira de trabalho e PIS farão parte de um único documento?

Termos a carteira de trabalho online, que vai impedir a falsificação. Em seguida vamos acabar com a carteira, até fim do ano, e implantar o cartão eletrônico, com todas as informações, como empregos por onde ele passou, PIS, FGTS. Numa fase de transição a carteira de papel será entregue com o cartão.

O ministério passa por modernização com serviços informatizados. Qual o objetivo?

A partir de janeiro, todos os serviços serão informatizados. Criamos a fiscalização eletrônica, coibindo inadimplência e fraude no pagamento de contribuições. O fiscal precisava ir à empresa, o que demandava tempo e incomodava o empregador. A prática aumentou a capacidade de ação dos auditores. Da mesa, aciona 200 empresas. Iniciamos programa para fiscalização eletrônica para arrecadar R$ 2,7 bilhões a mais no FGTS. Na medida que se tem mais auditores também avança a arrecadação. Vamos fazer concurso para fiscal este ano.

O senador Lindbergh Faria (PT-RJ) disse que o fundo para pagar a multa dos 40% do FGTS incentivaria o empregador com problemas financeiros a demitir a empregada por justa causa para reaver o dinheiro que depositou. Acredita que isso possa acontecer?

Não acredito. A doméstica é uma pessoa que tem uma relação mais pessoal, já faz parte da família. Uma pessoa que fica dez anos numa família, por exemplo, já se integra à família.

Sobre as MPs do ajuste fiscal, aumentando o tempo de serviço para retirar o seguro-desemprego vai evitar fraudes?

Essas MPs foram momento difícil que a oposição inverteu o objetivo. A proposta do governo não subtrai benefícios. Discutimos há dois anos ações para cuidar da saúde do Fundo de Amparo do Trabalhador.
A rotatividade em uma empresa é grande no Brasil, e isso fez a gente pagar este ano R$ 36 bilhões. Não afetou a arrecadação porque criamos 22 milhões de novos postos de trabalho.

Sobre a terceirização, qual o cenário com que o governo trabalha?

A falta de regulação causa uma série de insegurança jurídica tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores. Avançamos muito na questão de não precarizar o trabalho. Restaram três pontos que não foram possíveis de negociação, que são a corresponsabilidade, a representação sindical e a atividade meio e fim.

Mesmo assim avançamos nas duas primeiras. E o que nos preocupa é a atividade fim. Se não tiver uma lei muito clara sobre a terceirização, nós vamos estimular uma avalanche de ações na Justiça do Trabalho, que já está sobrecarregada. Como está aprovada atualmente, a terceirização precariza o trabalho, sim. Vemos que haverá negociação para impedir essa precarização.

A presidenta Dilma Rousseff vai vetar?

Eu não posso dizer porque é a presidenta que vai tomar a iniciativa. Esperamos que avance e que não precise de veto. Hoje, eu vetaria, não sei ela. Mas a presidenta tem manifestado preocupação como está atualmente a proposta da terceirização.

 Fonte: O DIA