Uma pauta inadiável

O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. Foram décadas de lutas e levantes para que isso ocorresse

Antonio Neto*

Contudo, é necessário destacarmos que, muito antes de 1888, já existia um movimento expressivo no País para abolir esta aberração, pois a sociedade já estava convencida da necessidade do seu fim. Exceto para uma minúscula parcela da elite.

Setores do poder dominante concordavam que a escravidão era um crime inominável, que era desumano e inaceitável tamanha atrocidade, mas alegavam que tal sistema era necessário para manter a competitividade do Brasil e impedir derrocada econômica.

Diante do avanço das forças progressistas e com o espaço diminuindo para os escravagistas, a elite passou a utilizar medidas paliativas com o objetivo de postergar o fim da escravidão. Em 1871, foi estabelecida a Lei do Ventre Livre, que na prática não libertou ninguém.

Depois inventaram a Lei dos Sexagenários, na qual promovia-se a libertação dos escravos com mais de 60 anos. Três anos depois conquistamos a Leia Áurea, que, aliás, foi um dos principais motivos para a derrubada da Monarquia.

Chegou a abolição, mas nem mesmo ela promoveu a libertação dos escravos. Eles foram jogados à margem da sociedade, substituídos pelos escravos brancos, numa sombria amostra de que os exploradores nunca desistem, sempre querem seguir com a exploração.

Pior ainda, foi necessário mais de um século para o Congresso brasileiro abolir, parcialmente, um dos resquícios daquela época por meio da aprovação da PEC das Domésticas. Parcialmente porque sequer esta lei foi regulamentada, comprovando a tese de que a elite sempre resiste em permitir toda e qualquer abolição da escravidão.

Este breve histórico cabe como uma luva quando tratamos de questões relevantes e fundamentais para os trabalhadores do País, ainda hoje submetidos a um sistema de exploração desumano e baseado na busca do lucro extremo.

Há mais de uma década, o movimento sindical luta para aprovar projetos que melhorem as condições de vida dos trabalhadores brasileiros. Mas todos estão paralisados. Um dos casos mais gritantes é a redução da jornada de trabalho. É difícil encontrar no Brasil alguém que seja contra esta medida, pois ela é justa é inadiável.

Entretanto, uma pequena parcela da elite brasileira, muitos deles netos e bisnetos dos mesmos que adiaram a abolição da escravatura, conseguem barrar esta justa e salutar medida para o País e o povo. Usam de sua influência econômica e as mesmas alegações de seus avós.

Fim do fator previdenciário, direito de negociação para o servidor público, fim da demissão imotivada, atualização da tabela do imposto de renda e correção da tabela do FGTS também são temas que geram ojeriza em poucos e suspiros em milhões de brasileiros.

Mas, como o fim da escravidão, a aprovação das medidas citadas acima será, em breve, uma realidade. O povo brasileiro sairá vitorioso. É apenas uma questão de tempo. E estas leis só serão aprovadas, sem dúvida alguma, sob a direção do PMDB. Não há outro partido capaz de fazer com que estas medidas sejam implementadas.

Portanto, a exemplo das Diretas, da Constituição e dos demais avanços conquistados por nosso partido, temos que assumir a vanguarda de mais esta batalha dos trabalhadores brasileiros, superando as resistências impostas por uma pequena parcela de exploradores, que não representam os anseios do povo e do nosso partido.

*Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), membro do Diretório Nacional do PMDB e presidente do PMDB Sindical-SP

Fonte: PMDB.ORG

Compartilhe:

Leia mais
Design sem nome (2) (1)
CSB defende transição tecnológica justa em reunião de conselheiros com ministra Gleisi Hoffmann
painel 7 transição tecnológica e futuro do trabalho
Encontro Nacional CSB 2025: painel 7 – Transição tecnológica e futuro do trabalho; assista
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara