Supermercados propõem mudanças no VR e no VA para frear preço dos alimentos

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apresentou suas propostas para modificar a regulamentação do mercado de vale-refeição e vale-alimentação em um documento divulgado nesta segunda-feira (3). A entidade argumenta que as mudanças podem aumentar a concorrência no setor, reduzir custos para comerciantes e, consequentemente, diminuir os preços dos alimentos.

O documento foi entregue ao Ministro da Fazenda, que estuda formas de conter a alta dos preços do setor alimentício. De acordo com a Abras, o atual modelo do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) favorece um mercado altamente concentrado, no qual quatro grandes operadoras controlam cerca de 80% das transações com vouchers, elevando as taxas cobradas dos estabelecimentos.

Entre as principais medidas propostas está a possibilidade de o PAT ser operado diretamente pela Caixa Econômica Federal, com os valores dos benefícios sendo depositados diretamente na conta-salário dos trabalhadores. Além disso, a entidade defende um teto de 0,7% para as taxas cobradas pelos vouchers, que hoje podem chegar a 15%, e a redução do prazo de reembolso dos estabelecimentos de 40 para dois dias.

A Abras também sugere a criação de um padrão único para os contratos de prestação de serviços, eliminando cobranças consideradas abusivas, como taxas de adesão, consulta de saldo e remissão de cartão. Outra proposta é a ampliação da concorrência no setor por meio da abertura do mercado para novas empresas e a adoção do código MCC (Merchant Category Code), que garantiria que os benefícios fossem utilizados exclusivamente para a compra de alimentos.

Leia também: Governo estuda mudanças nas regras do VR e do VA para reduzir custos; entenda

Outro ponto destacado pela entidade é a necessidade de interoperabilidade das maquininhas de pagamento. Atualmente, muitos estabelecimentos precisam manter equipamentos para aceitar diferentes bandeiras de vouchers, o que gera custos adicionais. Com a mudança, qualquer maquininha poderia processar qualquer cartão do setor, facilitando as transações e reduzindo os gastos para o varejo.

O documento também defende que o Banco Central passe a regular o mercado de vouchers, que movimenta cerca de R$ 190 bilhões anualmente sem uma supervisão específica. Segundo a associação, a ausência de fiscalização permite práticas abusivas, como taxas arbitrárias e retenção indevida de valores de estabelecimentos.

Por fim, a Abras propõe a portabilidade do vale-refeição e do vale-alimentação, permitindo que os trabalhadores escolham livremente a operadora de seu benefício, assim como ocorre com contas-salário e telefonia em geral.

Com informações de O Globo
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Compartilhe:

Leia mais
Luiza Trajano critica juros BC Galípolo na Fiesp
Em evento com Galípolo na Fiesp, Luiza Trajano critica política de juros do Banco Central
DIREITOS TRABALHISTAS TRABALHADORES AUTÔNOMOS
Entre os direitos de Vargas e a "liberdade" de Musk: onde estaremos daqui cinco anos?
crimes virtuais lucro brasil
Crimes virtuais já são principal fonte de lucro de quadrilhas e rendem R$ 186 bilhões no Brasil
trabalhadores resgatados paraíba
Fiscalização resgata 59 trabalhadores em condições precárias na construção de prédios de luxo na PB
Recorde de ações justiça do trabalho 2024
Ações na Justiça do Trabalho ultrapassam 2 milhões em 2024, maior número desde 2017
mercado-livre-condenacao-trt
TRT mantém condenação contra empresa do Mercado Livre após ação do Sindpd-SP
Fachada tst
Empresas devem entregar lista de funcionários para sindicatos, decide TST
Paulo de Oliveira seaac csb oab presidente prudente
Diretor da CSB é reconduzido à presidência da Comissão de Direito Sindical da OAB em SP
Acordo global sobre inteligência artificial
EUA e Reino Unido rejeitam acordo global sobre IA durante cúpula em Paris
Endividamento das famílias janeiro 2025
Endividamento das famílias cai em janeiro, mas aumento dos juros deve reverter cenário