Spread brasileiro é ‘anomalia’, diz Mantega

Ministro da Fazenda critica taxas cobradas por bancos, citando juros de cheque especial de “200%, 300%” ao ano

Um dia após anunciar mudanças na poupança – o que deve permitir que os juros básicos da economia caiam mais – o ministro Guido Mantega (Fazenda) voltou à carga contra as taxas cobradas pelos bancos ao consumidor.

Mantega chamou de “anomalia” o “spread”, que é a diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e os juros cobrados nos empréstimos.

“Os ‘spreads’ são muito altos no país e isso é uma anomalia que nós precisamos corrigir”, afirmou. “Hoje há empréstimos que podem custar 80% ao ano. No cheque especial, por exemplo, tem gente pagando 200%, 300%. Isso não pode continuar.”

O governo está numa queda de braço com os bancos privados para baixar os juros cobrados de consumidores e empresas. O objetivo é impulsionar o crédito e reativar o crescimento, ainda anêmico.

O diagnóstico do ministro é que o crédito “não está crescendo a contento”. “Em 2012, o crédito está se expandindo a taxa inferior ao desejado para continuar alimentando o crescimento do país”, disse ele, que participou de seminário da revista “Brasileiros”, em São Paulo.

Para reverter o quadro, ele quer que os bancos emprestem mais. “É preciso aumentar o crédito e diminuir o custo financeiro, que continua elevado. As taxas são incompatíveis com a situação do país, que hoje é mais sólida.”

Segundo Mantega, não há coerência nas taxas de “spread” cobradas no Brasil.

Desde 2011 os bancos ficaram mais seletivos na hora de emprestar devido ao aumento da inadimplência, que subiu de 5,4% do total de operações de crédito em janeiro de 2011 para 7,4% em março, de acordo com dados do BC.

Além disso, o comprometimento da renda das famílias com financiamentos está perto do recorde, representando cerca de 23% do orçamento.

Mantega admite que o calote subiu. Mas isso é um movimento “normal”, resultado da desaceleração da atividade no país. “Se o crédito não roda, a inadimplência vai aumentar ainda mais”, disse.

O ministro afirmou que o BC “está fazendo a sua parte”, reduzindo a taxa básica de juros (Selic), hoje em 9% ao ano. E cobrou atuação similar dos bancos privados.

Mantega disse ainda que os bancos públicos já “reduziram fortemente suas taxas”, o que deve ser replicado pelo setor privado: “Se os bancos privados não baixarem as suas, vão perder clientes”.

Para o ministro, a inflação agora está mais baixa, o que favorece a queda dos juros.

Fonte: Folha

Compartilhe:

Leia mais
Camara aprova teto salario minimo e mudança bpc
Corte de gastos: Câmara aprova teto para aumento do salário mínimo e mudança no BPC
CSB na Secretaria nacional da juventude conjuve
CSB assume cadeira no Conjuve, conselho que debate políticas públicas para a juventude
codefat aprova calendario pagamento abono salarial 2025
Conselho aprova calendário de pagamento do Abono Salarial para 2025; confira datas
regras aposentadoria 2025 reforma da previdência
Haverá ajuste na idade para pedir aposentadoria em 2025; entenda as novas regras da previdência
Câmara aprova fim da desoneração da folha de pagamento
Câmara aprova imposto mínimo de 15% sobre lucro de multinacionais, seguindo padrão da OCDE
aumento salário mínimo 1954 getúlio vargas
O que aconteceu no Brasil depois que Getúlio aumentou em 100% o salário mínimo
Fachada tst
TST derruba regra da reforma trabalhista que limitava acesso à Justiça gratuita; entenda
trabalhadora obrigada a mostrar os seios
Empresa é condenada a indenizar trabalhadora obrigada a mostrar os seios para superior
paralisação sindimetropolinato ônibus porto alegre
Rodoviários da região de Porto Alegre paralisam atividades por reajuste salarial não pago
Flavio Dino e Rubens Paiva
Lembrando Rubens Paiva, Dino defende que Lei da Anistia não se aplica a ocultação de cadáver