Servidores de Rondônia participam de audiência pública na ALE RO sobre o PLP 257/2016

Na reunião, trabalhadores assinaram carta aberta ao Congresso Nacional para barrar a tramitação do Projeto

A CSB/RO e sindicatos filiados reuniram-se, na última quinta-feira (28), em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE RO) para levar aos deputados federais e estaduais o clamor dos servidores do estado pela derrubada do Projeto de Lei Complementar 257/2016. Congelamento de salários, suspensão de concursos públicos e aumento da contribuição previdenciária foram as principais contrapartidas – exigidas pelo Projeto para renegociar as dívidas dos estados com a União – debatidas no encontro.

Durante a audiência, 150 trabalhadores e 17 entidades de diversas áreas do serviço público expuseram seu repúdio e sua indignação a respeito da inconstitucionalidade proposta pelo PLP. De acordo com o representante da CSB no estado, João Henrique Simioni, “hoje, o salário do servidor já é bastante reduzido (principalmente, na área da saúde), e Rondônia já sofre com a precarização porque não há servidor concursado o suficiente para realizar os atendimentos”, situação que será agravada caso o Projeto seja aprovado.

Encaminhado pelo Poder Executivo Federal ao Congresso em março, o PLP propõe a interrupção do reajuste salarial e da realização de concurso por dois anos, a elevação da alíquota previdenciária dos servidores de 11% para 14%, a instituição do regime de previdência complementar e a limitação de progressões funcionais como compensações financeiras para aumentar o prazo de pagamento dos débitos dos entes federados em até 240 meses.

Presente na audiência, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário de Rondônia (SINJUR/RO), Francisco Roque, destacou a ilegalidade e o prejuízo econômico que serão acarretados por essas propostas federais. Calculadas com base nos juros compostos, as dívidas de todos os estados brasileiros deveriam ser reduzidas em 90% ou R$ 382,4 bilhões se o Tesouro Nacional respeitasse o previsto na Constituição Federal, a qual determina o cálculo baseado em juros simples.

Além disso, o anatocismo (juros compostos ou juros sobre juros), prática já condenada pela Súmula 121 do STF, impede que treze entes federados – Acre; Amapá; Amazonas; Bahia; Ceará; Espírito Santo; Pará; Paraíba; Paraná; Pernambuco; Rondônia; Roraima e Sergipe – também se tornem credores da União.

“Nós estamos falando de atos inconstitucionais. Nós temos apenas em Rondônia uma média de três mil servidores, e colocá-los nesta situação é convocá-los a pagar uma conta que não é nossa. Nós não podemos ceder um milímetro sequer do que nós conquistamos ao longo de anos. Se deixarmos isso acontecer, poderá demorar anos para reconquistarmos novamente. Eles não podem renegociar a dívida do estado colocando nossos direitos na mesa”, ressalta o dirigente.

AvK8dnyfOeV_DM_cuncnQ2QNZlLe7pRhXkLg_czLPwzkAntonio Germano Soares, presidente do Sindicato dos Técnicos Tributários do Estado de Rondônia (SINTEC/RO) e da Federação Brasileira de Sindicatos das Carreiras das Administração Tributária da União, Estados e Distrito Federal (FEBRAFISCO), também discursou a respeito da retirada de direitos fundamentais dos servidores e do incentivo à privatização dos principais serviços prestados à sociedade. Para o dirigente, “todas as áreas da máquina estatal serão prejudicadas”.

“Se o salário vai ficar congelado e vai aumentar a alíquota da contribuição previdenciária, na verdade, o trabalhador vai ter uma redução salarial.  Além disso, o estado de Rondônia quer promover uma medida de demissão voluntária que nunca existiu em cargo público, estimulando a terceirização. Com um ambiente como esse, como o servidor exercerá seu trabalho?”, questiona Soares.

Na ocasião, uma carta aberta aos deputados e senadores foi redigida e assinada pelas entidades presentes na audiência. Uma reunião com os parlamentares em Brasília também já está sendo organizada pelo movimento sindical com o apoio do deputado federal Marcos Rogério (DEM/RO). Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde no Estado de Rondônia (Sindsaúde/RO), Caio Marin afirma que esta atitude demonstra a união e a força dos servidores públicos – opinião ratificada por João Henrique Simioni.

“A CSB encampou uma campanha que uniu os sindicatos dos servidores. A gente está vendo uma grande movimentação de federações, confederações e sindicatos juntos em prol de uma causa justa. Foi a CSB que tomou essa atitude que outras centrais não tiveram coragem de tomar. Hoje, eu vejo os servidores mais fortalecidos”, diz o dirigente.

Além do SINJUR/RO, do SINTEC/RO e do Sindsaúde/RO, entidades representantes dos metalúrgicos, profissionais de tecnologia da informação, trabalhadores do poder executivo de Rondônia, rodoviários, mototaxistas, auditores fiscais, servidores do Ministério Público do estado, servidores do judiciário e taxistas também participaram da audiência.

Compartilhe:

Leia mais
Sintrammar diretoria eleita 2025
Chapa 2 vence eleições do Sintrammar de Santos e Região, com Erivan Pereira reeleito presidente
reunião mesa permanente servidores federais 20-02-25
Em reunião, servidores federais cobram governo sobre pauta de reivindicações travada
saúde mental no trabalho nr-1
Empresas serão responsáveis por saúde mental dos funcionários a partir de maio
img-pagamentos-inss-mudanca-carnaval
Calendário de pagamentos do INSS terá mudanças devido ao Carnaval 2025; confira datas
mpt campinas investiga empresas por pratica antissindical
MPT investiga 32 empresas de SP por coagirem empregados a se opor à contribuição assistencial
servidores excluidos reestruração carreiras rs mesa fessergs
Fessergs e governo do RS formam mesa sobre servidores excluídos de reestruturação
trabalhador indenização cancer
Trabalhador será indenizado em R$ 500 mil por demissão após comunicar câncer
saque fgts nascimento filhos
Projeto que libera saque do FGTS por nascimento de filhos avança na Câmara
CNJ regras inteligencia artificial judiciário
Conselho aprova regras para uso de inteligência artificial no Judiciário
Trabalho imigrantes Texas Tesla e SpaceX
Empresas de Elon Musk usam imigrantes irregulares em obras no Texas, diz reportagem