Central dos Sindicatos Brasileiros

Antonio Neto defende aumento real em entrevista ao Correio Popular

Antonio Neto defende aumento real em entrevista ao Correio Popular

Presidente do Sindpd diz que Sindicato já fechou mais de 200 acordos coletivos com reajustes superiores à inflação

Em entrevista ao Correio Popular, publicada nesta quinta-feira, 10, Antonio Neto defendeu o aumento real como forma de garantir maior poder de compra aos trabalhadores.

A matéria explica que o crescimento da massa salarial na Região Metropolitana de Campinas (8,15%) não foi suficiente para superar a inflação, que ainda corroí os ganhos do trabalhador. O texto ainda destaca as reivindicações do Sindpd em prol do reajuste salarial e aumento real para os trabalhadores da categoria de TI.

Confira a matéria na íntegra:

Salários sobem na RMC, mas não o bastante

Massa salarial da RMC cresce 8,15% em um ano, mas inflação já anula ganhos de várias categorias

A criação de postos de trabalho, mesmo que menor do que em anos anteriores, e os ganhos reais nos reajustes salariais elevaram o montante da massa salarial na Região Metropolitana de Campinas (RMC).

Em fevereiro deste ano, a soma da remuneração dos trabalhadores da região chegou a R$ 1,42 bilhão. No mesmo mês do ano anterior, foi de R$ 1,31 bilhão – um crescimento de 8,15%. Mas, apesar do número positivo, os trabalhadores reclamam que a inflação está corroendo os salários e que já está difícil pagar as contas.

Os sindicatos comentaram que, por seu lado, os patrões alegam dificuldades na economia para justificar reajustes salariais que não chegam para recompor o poder de compra dos trabalhadores. Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou, por meio do Sistema de Acompanhamento de Salários, que no ano passado 87% das negociações coletivas pesquisadas conseguiram aumento real dos salários.

A análise foi realizada em 671 unidades de negociação da indústria, comércio e serviços. A avaliação também mostrou que em 7% das negociações o reajuste foi igual a inflação e em 6% os aumentos ficaram abaixo dos índices inflacionários. O reajuste real médio foi de 1,25%.

As categorias que estão discutindo com os patrões neste ano já descobriram que terão mais dificuldade para conseguir a reposição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que no ano passado foi de 5,56% e que, no acumulado dos últimos 12 meses (abril de 2013 a março de 2014) atingiu 5,62%.

O coordenador do Departamento de Economia da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), Laerte Martins, afirmou que a variação da massa salarial na região é influenciada pela geração de empregos e reajustes salariais. Entretanto, ele reforçou que a inflação é um problema que impacta o poder de compra do consumidor.

“A tendência é que os aumentos reais fiquem inferiores neste ano em relação a 2013. Os trabalhadores também estão sentindo o reflexo da inflação no bolso. O poder de compra está menor”, comentou. Ele disse que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) nos últimos 12 meses atingiu 6,15% e apenas no primeiro trimestre deste ano atingiu 2,18%.

A professora da Faculdade de Economia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Eliane Rosandiski, afirmou que a inflação impacta de forma diferente as várias categorias de trabalhadores.

“As classes assalariadas com salários mais baixos sentem mais a perda do poder de compra em itens como a alimentação. Já a classe média sente o reflexo no aumento do custo de prestadores de serviços”, disse. Ela observou que há segmentos que conseguem repor com mais facilidade a inflação e outros setores que têm maior dificuldade para negociar aumentos reais.

Negociações

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd), Antonio Neto, afirmou que o reajuste da categoria, cuja data-base é no início do ano, é referente ao INPC do ano passado somado ao aumento real que é baseado no crescimento do setor.

“O reajuste reivindicado pela categoria em geral é de 7,5%. Para o piso, o aumento solicitado é de 8%. O setor cresceu no ano passado 12%. O aumento real, descontado o INPC, varia de 2% a 2,5%. Ainda assim, o sindicato patronal não aceitou o índice e estamos em dissídio coletivo”, comentou.

Ele disse que os empregadores não aceitaram o percentual pedido alegando que a economia está em crise e não teriam como dar um aumento real de 2,5%.

“Começamos a fazer acordos direto com as empresas e já fechamos pelo menos 200. Mantivemos nesses acordos o reajuste de 7,5% no geral da categoria e 8% para o piso”, salientou. Netto afirmou que o setor é “privilegiado”, pois teve um crescimento em 2013 muito superior ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que foi de 2,3%.

Salários

Os trabalhadores reclamaram que os salários já não chegam mais ao final do mês. “O dinheiro acaba antes do pagamento de todas as contas. A inflação corrói os salários e os aumentos anuais não repõem as perdas do ano”, disse o vendedor Sidineilso Alves Pereira.

O industriário Antônio Marcos da Silva Rosa também lamentou a defasagem dos salários. “Está difícil, porque há aumento de preços de vários produtos e os salários não sobem na mesma proporção”, disse.

Fonte: Correio Popular