O salário mínimo em janeiro de 2025 deveria ser de mais de R$ 7 mil para atender às necessidades básicas do trabalhador e sua família, apontou levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado nesta quinta-feira (6).
O cálculo foi feito de acordo com o valor da cesta básica de São Paulo, a mais cara das 17 capitais pesquisadas, com o preço de R$ 851,82 no último mês. A capital paulista foi seguida por Florianópolis (R$ 808,75) e Rio de Janeiro (802,88).
As cestas básicas mais baratas foram verificadas em Aracaju (R$ 571,43), Recife (R$ 598,72) e João Pessoa (R$ 618,64). Os dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA), que apontou aumento dos preços em 13 das 17 capitais incluídas no estudo.
O Dieese estima que um trabalhador precisaria ganhar R$ 7.156,15 para sustentar uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), o equivalente a 4,71 vezes mais que o mínimo atual de R$ 1.518.
Além do valor da cesta básica mais cara, o Departamento leva em consideração a determinação constitucional de que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas do trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
A PNCBA é um levantamento contínuo dos preços de um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais. A pesquisa foi implantada em São Paulo em 1959, a partir dos preços coletados para o cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais. Hoje, é realizada em 17 estados e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.
Os itens básicos pesquisados foram definidos pelo Decreto Lei nº 399, de 30 de abril de 1938, que regulamentou o salário mínimo no Brasil e está vigente até os dias atuais.
O Decreto determinou que a cesta de alimentos fosse composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta. Os bens e quantidades estipuladas foram diferenciados por região, de acordo com os hábitos alimentares locais.
O banco de dados da PNCBA apresenta os preços médios, o valor do conjunto dos produtos e a jornada de trabalho que um trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para adquirir a cesta. Os dados permitem a todos os segmentos da sociedade conhecer, estudar e refletir sobre o valor da alimentação básica no país.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil