Rio suspende pagamentos até supremo decidir sobre royalties

De acordo com estimativa da Secretaria Estadual de Fazenda, o Estado perderá R$ 1,6 bilhões em 2013

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, suspendeu nesta quinta-feira (7) “todos os pagamentos do Estado, com exceção do [salário] dos servidores públicos” até que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue a constitucionalidade do projeto de lei de distribuição de royalties do petróleo. A informação foi divulgada em nota distribuída à imprensa.

Ontem (6), o Congresso derrubou o veto da presidente Dilma Rousseff que mantinha os Estados produtores (Rio, Espírito Santo e São Paulo) como os principais beneficiários na partilha do dinheiro.

De acordo com estimativa da Secretaria Estadual de Fazenda, o Estado perderá R$ 1,6 bilhões este ano. O orçamento anual do Rio é de R$ 72,7 bilhões.

A redução na receita dos municípios fluminenses pode atingir R$ 2,5 bilhões, segundo a pasta.

Os royalties são um percentual do lucro obtido pelas empresas e pagos ao Estado como forma de compensação pelo uso de recurso natural. Pela regra atual, os grandes Estados produtores ficam com 26,25% dos royalties. Os não produtores recebem apenas 1,76%.

De acordo com a nota de Cabral, os secretários estaduais de Fazenda e de Planejamento “foram orientados a cancelar pagamentos, empenhos, repasses e outras transferências não obrigatórias” até que seja definida a situação dos Estados que perderão recursos caso seja mantida a derrubada do veto. O volume bloqueado chegou a R$ 82 milhões. A previsão de pagamentos para este mês é de R$ 470 milhões.

Mais cedo, o governador disse que o Rio de Janeiro está pronto para ir ao Supremo, assim que a decisão do Congresso Nacional for formalizada. Segundo Cabral, três artigos da Constituição Federal são desrespeitados pela derrubada do veto, entre eles, o que trata do desequilíbrio orçamentário.

“A AGU há apenas alguns meses considerou essa redistribuição retroativa como inconstitucional, por violar diversas disposições da Constituição Federal, e opinou pelo veto a essa parte da lei, no que foi atendida pela Presidenta da República. As mesmas disposições legais vetadas foram novamente votadas pelo Congresso Nacional, que derrubou o veto. Se são as mesmas disposições legais, não consigo entender como a derrubada de um veto pode transformar o que é inconstitucional em constitucional”, disse a procuradora-geral do Estado, Lúcia Léa Guimarães Tavares, por meio de nota.

“Não se está discutindo aqui a legitimidade de o Congresso Nacional deliberar sobre um veto. O STF permitiu ao Congresso votar os vetos já realizados, fora da ordem cronológica, mas sem entrar no mérito da questão dos royalties. O que se está discutindo é se no Brasil existe respeito ao ato jurídico perfeito, se é constitucional uma lei alterar a situação jurídica e econômica de um ente da Federação, com efeitos retroativos. Isso não tem nada a ver com legitimidade. Trata-se de uma questão de se afirmar o respeito à Constituição”, declarou a procuradora-geral do Estado.

OUTROS ESTADOS

Além do Rio, Espírito Santo e São Paulo também pretendem ingressar no STF com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a nova regra de partilha da verba dos royalties do petróleo.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira que a Procuradoria-Geral do Estado já tem uma ação pronta.

“A posição de São Paulo era favorável à manutenção do veto da presidente Dilma. Entendemos que os contratos já assinados devem ter a regra atual. Para o futuro, nas novas licitações na área de petróleo e gás, deve ser aplicada a regra nova. Esse será o nosso argumento”, disse o governador.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), informa que já determinou que a Procuradoria-Geral do Estado recorra ao STF “para evitar as perdas referentes a contratos já em andamento”.

O texto divulgado pelo governo do Espírito Santo afirma que o assunto “foi tratado de maneira demagógica, superficial e inconsequente” no Congresso. A nota diz que o Estado confia na capacidade do Supremo “para decidir, com isenção e responsabilidade”.

Segundo o governo do ES, o Congresso contrariou a Constituição e as condições estabelecidas para contratos juridicamente perfeitos. Além disso, a decisão, para Casagrande, compromete gravemente o equilíbrio federativo e o ambiente de negócios no país.

De acordo com o governo, a previsão é que, com a mudança nas regras de distribuição dos royalties, as perdas no Espírito Santo superem os R$ 10 bilhões no período entre 2013 e 2020. O Estado perderia R$ 4,7 bilhões e os municípios, R$ 5,3 bilhões.

Fonte: Folha de S.Paulo

Compartilhe:

Leia mais
painel 7 transição tecnológica e futuro do trabalho
Encontro Nacional CSB 2025: painel 7 – Transição tecnológica e futuro do trabalho; assista
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara
csb menor (2)
Centrais apresentam pauta prioritária e agenda legislativa em reunião no Congresso