Trabalho escravo em MG – Um produtor de café “gourmet” que exibe um selo de sustentabilidade em sua embalagem teve sete trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão por um grupo de fiscais do Ministério do Trabalho na última colheita de café em Minas Gerais.
Durante uma fiscalização do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, quatro homens e três mulheres foram encontrados em uma propriedade das Fazendas Klem em Manhumirim em instalações precárias, sem acesso a recursos básicos como higiene e local para alimentação.
De acordo com o relatório dos fiscais do GMóvel, os trabalhadores foram instalados em uma casa com banheiro sem descarga, ao lado de esgoto a céu aberto. Além disso, não foram fornecidas as ferramentas de trabalho, material de proteção e nem abrigo para alimentação quando estavam na lavoura.
“A moradia estava completamente suja; não eram fornecidas roupas de cama, não havia local para tomada de refeições, lavanderia para higienização das roupas e objetos de uso pessoal. As refeições preparadas pelos próprios trabalhadores eram realizadas no alojamento que não possuía condições de conservação, asseio, higiene e segurança”, diz o documento.
O caso foi resolvido em uma audiência na unidade regional do Ministério do Trabalho, após o proprietário pagar o que devia aos trabalhadores, que voltaram à Bahia. Ele recebeu uma multa de R$ 13 mil por pessoa.
Apesar de ter concordado em pagar os trabalhadores, Cesar Viana Klem, proprietário do negócio, disse em uma publicação que fez em 7 de março em uma rede social que “criaram uma narrativa de trabalho análogo a escravo” envolvendo sua empresa.
“Nós tívemos nossa propriedade ‘invadida’ por ‘supostos trabalhadores’, que criaram uma narrativa de ‘trabalho análogo a escravo’ que está nos levando à falência. Se nada for feito no sentido de auxiliar o agricultor, essa esquerda vai destruir o agronegócio brasileiro!!!!!”, escreveu ao comemorar a prisão de José Rainha, líder da FNL (Frente Nacional de Lutas Campo e Cidades).
A Fazendas Klem era um dos poucos produtores de café do país a ostentar o selo Rainforest Alliance, uma ONG que atesta a sustentabilidade de produtores agrícolas em todo o mundo.
A organização diz em seu site atesta que determinado produto ou ingrediente “foi produzido por agricultores, silvicultores, e/ou empresas trabalhando em conjunto para criar um mundo onde as pessoas e a natureza prosperam em harmonia”.
Procurada pela Folha de S.Paulo, a Rainforest Alliance informou que a produtora de café não conta mais com a certificação.
Com informações de: Folha de S.Paulo
Leia mais: Brasil tem recorde de denúncias de escravidão contemporânea em 2022; veja dados