O presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros, Antonio Neto, esteve na posse do novo ministro da Previdência, Carlos Lupi, nesta terça-feira (3) e demonstrou seu apoio ao trabalho que foi prometido para cuidar “com dignidade e respeito” dos aposentados e pensionistas do Brasil.
“Contamos com a sensibilidade, liderança e altivez de Carlos Lupi para retomarmos o conceito de seguridade social pactuado na nossa Constituição. Um modelo baseado na pluralidade e na solidariedade, tão necessárias para o nosso país”, afirmou Neto.
De acordo com Lupi, o país tem atualmente cerca de 37 milhões de beneficiários do INSS, com os quais tem uma dívida. “São 37 milhões de seres humanos, e precisam ser tratados com dignidade, com respeito. É o nosso dever. Não é peso, não é sacrifício, não é prejuízo, ao contrário, esse dinheiro é o dinheiro que circula com maior velocidade. 70% ganham um salário mínimo, são seres humanos humildes que ajudaram a construir a grande nação que somos hoje.”
O ministro deu o exemplo também da importância desse grupo para a economia das cidades pequenas. “60% das prefeituras dos pequenos municípios do Brasil, de até 40 mil habitantes, só sobrevive por causa dos aposentados e pensionistas”, lembrou.
Fila zero
A principal tarefa dada por Lula ao ministro é zerar a fila de espera do INSS, o que Lupi falou que quer cumprir ainda este ano. Para isso, pediu a colaboração de prefeitos e governadores. “Quero acabar com essa fila em tempo recorde para o povo brasileiro se sentir respeitado.”
“A missão não será fácil. Além da correção conceitual, será preciso resgatar a gestão da Previdência Social como estrutura de Estado. São milhões de brasileiros humilhados nas filas de acesso aos benefícios e outros milhões que sofrem com os problemas operacionais”, comentou o presidente da CSB.
Lupi anunciou também que deseja disponibilizar um portal da transparência a partir de março, para ajudar na celeridade do processo. Conforme explicou, o site mostrará todos os dados do INSS em tempo real, como quantos são os aposentados, os pensionistas, os beneficiários do BPC e o número de pedidos na fila.
Reforma da Previdência
Na ocasião, o ministro gerou polêmica ao falar sobre a Reforma da Previdência de 2019, que ele chamou de “antirreforma”. “Nós precisamos discutir com profundidade o que foi essa antirreforma da previdência, discutir com números”, afirmou em seu discurso de posse.
A fala foi recebida como uma intenção de Lupi de revogar a reforma, o que ele negou em entrevista nesta quarta-feira (4). O ministro explicou que, na verdade, pretende rever alguns pontos que considera “injustos”, como a idade mínima de aposentadoria ser igual em todo país, apesar de a expectativa de vida ser diferente em cada região.
“Falei em criar uma comissão quadripartite para analisar e propor ao Congresso Nacional a correção de alguns pontos que são injustos, e dei como exemplo a regionalização da idade mínima para as mulheres. O Brasil é um país continental e de realidades diferentes”, disse à CNN.
A comissão quadripartite que ele pretende formar contaria com representantes da sindicatos patronais, de trabalhadores, de aposentados e do governo.
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