Em palestra sobre a importância da Língua Portuguesa no ambiente profissional, professor destacou o valor da objetividade
Professor e consultor de Língua Portuguesa do jornalismo da Rede Globo, Sérgio Nogueira foi o terceiro palestrante desta quinta-feira, 06, no Seminário de Pauta. Em tom descontraído, o convidado tratou da importância do correto uso da Língua na vida corporativa para que a comunicação não seja ineficiente ou motivo de desqualificação do profissional.
Sérgio Nogueira iniciou sua abordagem sobre o assunto destacando a evolução inevitável da Língua ao longo dos séculos. Para ele, a ideia de certo e errado está completamente conexa com regras da ortografia, mas não tem relação direta com o modo como se fala.
“O que eu não gosto é de ser radical. Em relação à nossa Língua sou muito flexível, mas precisamos saber que é preciso adequação. Nosso idioma é uma ferramenta social, é mais do que necessário se fazer entender, já que a comunicação é uma via de mão dupla. O Português que eu falo hoje não é o mesmo da época da minha avó, porque a Língua é viva e dinâmica. Sempre vão surgir novas formas de nos comunicarmos”, destacou Nogueira.
Sobre o uso de estrangeirismos, gírias e termos técnicos, o professor destacou que o ponto de partida para uma comunicação efetiva é a clareza. “Se você precisa de uma palavra que não seja de conhecimento da maioria, use, mas não deixe de explicar. Ponha clareza acima de tudo. Não adianta, frente a um problema sério de energia, pôr alguém na televisão para explicar a diferença entre apagão e blackout”, afirmou.
Na ocasião, o presidente do Sindpd, Antonio Neto, falou do compromisso da Entidade com os programas de qualificação destinado aos representantes do Sindicato.”Fizemos curso de Português para nossos dirigentes, porque precisamos de boa oratória para falar com a categoria. É muito importante que nossos diretores tenham o conhecimento sobre a Língua, porque os trabalhadores de TI têm um nível muito alto. Nosso ideal, com este seminário, é sempre abordar temas que agreguem ao nosso dia a dia”, ponderou o presidente.
Língua escrita X língua falada
De acordo com Nogueira, o rigor da Língua escrita atende apenas aos critérios normativos do idioma, já que o domínio da fala antecede a alfabetização dos indivíduos. “A escrita sempre esteve ligada à fala. Primeiro você fala, depois você escreve. Uma criança normal quando começa a falar segue uma norma lógica. Para ela, se é possível dizer `’eu falo” também se poder pronunciar eu “cabo”, salientou.
Além do processo de alfabetização, o domínio da norma padrão da Língua Portuguesa tem relação direta com a memória visual das pessoas. “A memória visual você só adquire com leitura. Se não tiver memória visual, não adianta nada. Ao contrário do estudante, na vida profissional você deve colar bastante, deve consultar. Não tenha vergonha de abrir o dicionário”, pediu o professor.
A relação da Língua com a qualificação do profissional
Embora profissionais de áreas exatas não dependam diretamente do domínio da norma padrão para galgar o sucesso profissional, o incorreto uso do idioma pode, algumas vezes, comprometer sua avaliação no ambiente corporativo. “O problema é o que você vai pensar deste profissional. Isto é preconceito linguístico, mas é um fato. O mau uso da Língua é um prato pronto para desqualificá-lo”, disse Sérgio Nogueira.
Mais do que nunca, a aplicação das regras normativas da Língua Portuguesa precisam estar adequadas ao ambiente de trabalho, já que, embora existam convenções do idioma, cada organização acaba por determinar um padrão de comunicação próprio. Neste sentido, o professor reafirma que a palavra, além de mutável em sentido e forma, não se limitada ao uso do que é considerado certo.”O que faz a palavra existir é o uso social dela. O fato de não estar no dicionário não a torna errada. O dicionário não decide se a palavra nasce ou não, ele é apenas o cartório onde a palavra é registrada”, conclui.
Fonte: Sindpd