Opinião | Roberto M. Pinho – Salvem a Justiça do Trabalho!

(…) “Neste judiciário tudo funciona em completo desalinho a competência administrativa, a transparência e a agilidade nas decisões”.

Em 2016, as despesas da Justiça do Trabalho chegaram a R$ 17 bilhões, dos quais 93,5% foram destinados à rubrica de recursos humanos (folha de pagamento) e de 6,5% com custeio administrativo. Foram RS 15,9 bilhões gastos com a força de trabalho de 56,3 mil pessoas: O maior montante com 41,9 mil servidores, 10,7 mil auxiliares e 3,6 mil magistrados. Os dados estão na base estatística do Conselho nacional de Justiça (CNJ), que ainda concluiu com omissões o gráfico analítico de 2018. A Justiça trabalhista, por outro lado, é a que apresenta a menor diferença de produtividade entre um tribunal e outro, em relação aos demais segmentos da justiça. Também é o com maior recorribilidade externa, com altos índices nas varas do trabalho (44,8%) e nos TRTs (47%).

Queda das demandas – O volume de ações que foram ajuizadas em 2018 caiu 34% em relação a 2017, segundo levantamento realizado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). O dado é importante para avaliar os efeitos da reforma trabalhista sobre a judicialização da Justiça do Trabalho, pois 2018 foi o primeiro ano completo de vigência das novas regras – as mudanças entraram em vigor em novembro de 2017. Entre janeiro e dezembro de 2018, as varas de primeira instância receberam 1.726.009 reclamações trabalhistas, contra 2.630.522 do mesmo período do ano anterior. Apesar disso o valor aprovado para o próximo ano corresponde a 44% dos cerca de R$ 46,8 bilhões destinados ao chamado Poder Judiciário da União, que inclui também a Justiça Eleitoral, a Justiça Federal, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o Superior Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça.

O custo da JT assusta. No ano passado, a Justiça do Trabalho apesar do país e crise, conseguiu ter seu orçamento de 2018. O projeto da Lei Orçamentária Anual, divulgado em 13 de dezembro de 2017, estabeleceu que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e as demais cortes regionais receberiam R$ 20,6 bilhões no próximo ano. Em números brutos, sem correção, o orçamento previsto já supera o de 2017 (R$ 20,1 bilhões) e é maior do que o de 2016, quando o repasse foi de R$ 17,1 bilhões, abaixo do que havia sido previsto pelas cortes do Trabalho.

Morosidade – Neste judiciário tudo funciona em completo desalinho a competência administrativa, a transparência e a agilidade nas decisões. A fase de execução foi e continua sendo um gargalo que tem 42% do acervo total com esse impacto negativo, gerado pela fase de execução dos dados de litigiosidade que acumula alto volume processual e alta taxa de congestionamento. Outro índice que demonstra a morosidade da Justiça é o tempo médio do processo baixado na Justiça trabalhista que é de 5 anos e 9 meses para processos fiscais e 4 anos e 2 meses para processos não fiscais. A fase de conhecimento no 1º grau leva 11 meses. Já a fase de execução extrajudicial no 1º grau gasta 4 anos e 11 meses, enquanto a execução judicial no 1º grau consome 3 anos e 3 meses. E, por fim, no 2º grau, o processo leva 8 meses.

Extinção em novembro – Segundo fontes do governo, a especializada está caminhando para ser extinta em novembro deste ano. No mundo civilizado essa divisão dentro de um mesmo poder é raro. Em geral, só existem duas justiças. A justiça comum, estadual (para tratar das questões civis e penais etc) e a justiça especializada, federal, dividida em varas de acordo com suas especializações. Hoje, nada justifica a separação da justiça do trabalho e da justiça federal. Por outro lado o Estado precisa enxugar a máquina pública. Essa justiça funciona a custo alto, e sem retorno social, e ao contrário do seu âmago pacificador, só vem servindo para tornar amarga as relações entre empregados e patrões. A unificação dos tribunais evitaria a criação de novos tribunais federais, pois a JC possui em todos os estados. Consultei 15 líderes de partidos, apenas três são contrários a sua extinção.

Compartilhe:

Leia mais
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara
csb menor (2)
Centrais apresentam pauta prioritária e agenda legislativa em reunião no Congresso
painel 5 encontro executiva nacional csb 2025
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 5 – Agenda parlamentar sindical; assista