Para o ex-ministro e ex-governador, caminho para o crescimento do País é a reindustrialização
Aconteceu na manhã desta sexta-feira (18), no auditório do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp), na capital paulista, a 11ª edição da Jornada Brasil Inteligente, encontro organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU).
O evento, que levou como tema “Emprego e Desenvolvimento rumo ao Brasil 2022”, contou com a participação do presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, do presidente do PDT, Carlos Lupi, e do deputado Federal Ronaldo Lessa (PDT-AL).
Em sua palestra, Ciro Gomes, que tem participado de diversos debates sobre o assunto, explicou que o caminho para o crescimento do Brasil é a reindustrialização. “A proporção da indústria na riqueza brasileira, que já foi de 30% na década de 80, caiu para 8%, equivalente ao que era em 1910. Se deixar, nós vamos virar exportadores de commodities, mas isso não paga nossos modos modernos de vida. Portanto, nós precisamos reindustrializar o Brasil, e a pista flagrante são quatro blocos, onde, relativamente, nós podemos economizar U$100 bilhões por ano. Estou falando do complexo industrial de óleo de gás, complexo industrial do agronegócio, complexo industrial da defesa e do complexo industrial da saúde. Portanto, o dinheiro está aí, o mercado está revelado, a tecnologia e expertise estão aí e a engenharia brasileira ainda é capaz de encarar esses desafios”, falou Ciro, que crê ser necessário um projeto para o Brasil.
“Esse projeto significa recuperar a capacidade de planejamento, formar objetivos nacionais gerais, difusos, mas concretos também, estabelecer objetivos nacionais permanentes, que eu sustento que deva ser enfrentamento, e a superação da desigualdade e da miséria e definir qual será a prática”, falou.
Para o ex-governador, é preciso mobilizar a sociedade para discutir o País. “A sociedade civil brasileira é exuberante na democratização, mas essa exuberância a esta altura também gerou uma deformação. Cada um dos nossos grupos organizou-se ao redor de uma agenda fragmentária. Temos movimentos feminista, LGBT, sem teto, sem-terra, movimento dos negros, temos movimentos de tudo, mas a soma dos interesses fragmentários de uma nação não é o interesse nacional, e o interesse nacional está sem patrocínio, sem debate e sem audiência e só inciativas como está nos dará a saída”, finalizou Ciro Gomes.
O presidente da CSB, Antonio Neto, reafirmou a importância do debate deste tema em um momento tão obscuro do País.
“Em meio a este cenário de retrocessos nos direitos, recessão e desemprego, nada mais oportuno do que debater o desenvolvimento. Este é o motor que vai tirar o Brasil da crise, gerar empregos e fazer a economia crescer. Precisamos fazer o País andar, e, para isso, é fundamental uma indústria forte, que possa devolver a Nação ao patamar de prosperidade e justiça social”.
O ex-ministro do Trabalho e Emprego e atual presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Carlos Lupi, também compôs a mesa de abertura. Durante sua fala, Lupi afirmou que o momento é de refletir o Brasil.
“Nós temos que pensar o Brasil, nós, que somos de diversas categorias, não podemos aceitar que nós tenhamos, hoje no Brasil, uma opinião única, e essa opinião sempre quer taxar o trabalhador, o assalariado ao invés de ir em cima do capital especulativo. E esse sistema financeiro brasileiro, atrasado e arcaico, sufoca o crescimento da pátria brasileira. Essa é a hora de ter coragem, ousadia e pensar Brasil”, declarou Lupi.
O deputado federal Ronaldo Lessa, que se diz preocupado com o momento que o País atravessa, acredita que esses debates ajudam a construir um projeto de nação. “Nós precisamos dizer qual país a gente, efetivamente, diante dessas realidades que a gente vive, dessa odiosidade e intolerância que a gente vive, que país nós precisamos fazer. É preciso ter um projeto de país. Nós não podemos é conviver com isso que está aí”, finalizou Lessa.
A segunda mesa de discussões foi composta pelo diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Peter Poschen e o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio.