Flávio Werneck discutiu sobre segurança pública no programa da TV Cultura, exibido na noite desta segunda-feira (26)
O vice-presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (SINDIPOL/DF), Flavio Werneck, participou na noite desta segunda-feira (27) do programa de entrevistas Roda Viva, da TV Cultura. Com o tema segurança pública, o programa deu destaque à intervenção federal no estado do Rio de Janeiro.
Para Werneck, a medida tomada pelo atual governo é apenas paliativa, pois a população necessitava, mas a medida ainda não será a solução dos problemas de violência no estado. O vice-presidente da Central também acredita que a estrutura da segurança pública brasileira está no caminho da falência.

“Talvez, o próximo analgésico aplicado tenha que ser mais forte que o anterior, pois não faz mais efeito. E aí o que será proposto, uma intervenção mais dura, com mais gente? Isso vem em uma crescente, sem resolver o problema crucial, que é a perseguição criminal”, garantiu.
Segundo Werneck, o ponto principal a ser combatido é o sistema financeiro das organizações criminosas que atuam no País.
“Hoje, o que nós temos que atacar é o dinheiro, que é o cerne da questão. Nós temos que buscar inteligência policial, temos que buscar maneiras de atingir o financiamento dessas organizações, e ninguém vai inventar a roda. Precisamos buscar meios, buscar boas práticas de fora do País e implementar no Brasil. Por que não temos policiais especializados em crime financeiro e tributário?”, questionou o presidente do SINDIPOL/DF, que ainda pontuou alguns pontos falhos na segurança pública.
“Prevenção: a nossa prevenção tende a zero, nós não investimos em prevenção, que é cerca de 10 vezes mais barato do que qualquer investigação pós-crime. Não existe uma cultura de polícia de proximidade como de Nova York ou Portugal, para fazer um banco de dados mais eficiente e que tenha um mapeamento da cidade; Instigação Criminal: nossa investigação é burocrática e arcaica, mais de 50% do efetivo policial está desviado para fazer papel, e não para atividade fim, que é investigar o crime. Além disso, temos um problema seríssimo de estrutura das polícias. A estrutura de segurança brasileira é senzala e casa-grande, onde a senzala trabalha e a casa grande se beneficia. Nós temos uma eficiência de menos de 8%, quando o Chile está com 90% de eficiência em crimes de homicídio. Temos que mudar a investigação e o nosso processo penal. O trabalho tem que ser a base da execução penal; quem não quer trabalhar, não deve ter benefício na cadeia, para que, assim, você consiga ressocializar”, falou.
Ainda para o vice-presidente da CSB, a segurança pública é ciência e multidisciplinar. Além disso, segundo ele, o Ministério da Segurança Pública pode ser positivo, desde que aconteça com planejamento de segurança pública para o País, e não criado a toque de caixa.
Fronteiras
Com fronteiras secas e molhadas, o Brasil divide território com quatro dos maiores produtores de drogas do mundo. A “Board Patrol”, polícia que tua nas fronteiras dos Estados Unidos, tem um efetivo de 30 mil homens para proteger duas fronteiras, enquanto o Brasil dispõe de apenas 1500 policiais federais atuando nas fronteiras secas. “Precisamos de efetivo e tecnologia. Drones que possam auxiliar na localização de crimes cometidos nas fronteiras”, finalizou Werneck.
Participaram também do debate no Roda Viva Edison Brandão, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo; Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos de Violência da USP; José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da Polícia Militar e ex-secretário nacional de Segurança Pública; e Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope-RJ e roteirista do filme Tropa de Elite.







