Preso no setor de prensa da empresa, em julho de 1972, e torturado no Dops, Lúcio Bellentani participou de um protesto em frente aos portões da montadora nesta quinta-feira, 14
Preso em julho de 1972 no setor de prensas, onde trabalhava, o ex-funcionário da Volkswagen Lúcio Bellentani foi levado a uma sala onde, segundo ele, recebeu socos, chutes e pontapés. Depois foi transferido para o Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Ficou preso por quase dois anos, levou choques, teve dentes arrancados com alicates, entre outros tipos de tortura. Hoje, com 72 anos, preferiu participar de um protesto em frente aos portões da montadora a ir ao evento. No pequeno grupo estavam dois outros ex-funcionários que também foram perseguidos pela ditadura.
É ridículo. Não traz nenhuma prova concreta do que a Volkswagen fez, ao contrário dos documentos já disponíveis no Ministério Público. O professor Christopher Kopper tem muita credibilidade, mas acho que a empresa não abriu todo seu arquivo a ele.
O presidente da Volkswagen, Pablo Di Si, disse que lamenta muito o que ocorreu, mas que, segundo o próprio relatório, não houve uma cooperação institucionalizada na repressão.
É um cinismo por parte dele. O MP tem mais de 500 documentos com provas de violações ocorridas dentro da empresa que eram de conhecimento da direção.
O que acha da placa inaugurada nesta quinta-feira?
Não estamos atrás de placas ou homenagens. Queremos que a empresa se apresente ao MP – o que não fez até agora – e inicie um processo de negociação para evitar a judicialização do processo.
O que o grupo reivindica?
Queremos que a empresa venha à publico dizer que errou e faça uma reparação coletiva. Pode ser um memorial, um museu para que os jovens conheçam a verdadeira história da ditadura no País. Também pedimos indenização coletiva. Alguns ex-funcionários que nunca mais conseguiram empregos por terem os nomes em uma “lista negra” passaram e passam por muitas dificuldades.
A empresa diz que, no momento, não pensa em indenização.
Se houver a judicialização do processo, quem decidirá isso será a Justiça.
Fonte: O Estado de S. Paulo