Na despedida em PE, Eduardo Campos inaugura obras inacabadas

Após 7 anos e 3 meses, governador deixa cargo para disputar a Presidência

Nas últimas horas como governador de Pernambuco, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) participou ontem da inauguração de obras ainda inacabadas.

Em dois hospitais havia um forte cheiro de tinta, num indicativo de trabalho feito às pressas para receber a visita do ainda governador.

Após sete anos e três meses no cargo, Campos assinou no final do dia a carta de renúncia, exigência da lei para disputar a Presidência.

Antes disso, ele inaugurou a nova ala de emergência do Hospital da Restauração. Mas exames de ressonância magnética e angiografia só serão possíveis dentro de 15 dias, já que alguns equipamentos nem chegaram ao Recife.

Na maratona de eventos de ontem, Campos inaugurou um bloco do Hospital de Câncer com 31 leitos da emergência oncológica, que começa a receber pacientes hoje. Mas a maior parte da nova unidade, que custou R$ 27 milhões, ainda não poderá operar porque equipamentos e mobiliário não foram instalados.

Ele também entregou à população um parque urbano -ainda com tapumes- e uma escola técnica, ainda sem água nos laboratórios.

À noite, o governador participou da inauguração do Museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga, também entregue incompleto -o próprio palanque reservado a Campos estava cercado por tapumes.

Segundo organizadores, apenas o setor de museu do complexo está pronto. A área dedicada à educação e formação cultural deverá ser aberta no segundo semestre. Campos negou ter antecipado inaugurações. “Na verdade, tem uma porção de coisas que poderiam ter sido inauguradas e que nem foram inauguradas, foram entregues à população”, afirmou.

ELOGIOS A LULA

No último discurso como governador, Campos exaltou o ex-presidente Lula -com quem rompeu em 2013 em razão de suas pretensões presidenciais- e disse que o Nordeste passará a “falar alto”. Em tom emocional, chamou o ex-aliado de “querido amigo” e afirmou que precisava “fazer justiça a um brasileiro que merece todas as homenagens”.

Ao inaugurar o museu, comparou Lula a seu avô, o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). “Está obra nasceu de uma conversa minha com um brasileiro que também foi retirante das dificuldades da seca, como meu avô. O meu querido amigo, o ex-presidente Lula”, disse.

Eleito e reeleito com apoio de Lula, Campos terá o petista como ferrenho adversário na campanha pelo Planalto. Para se lançar à Presidência, Campos abandonou a base aliada do governo em outubro. Sem Lula e Dilma no palanque, irá se ancorar na provável parceira de chapa, a ex-ministra Marina Silva.

Campos deixa o governo com aprovação de 76%, a segunda maior do país, segundo o Ibope. Além do aval da população, leva o avanço da economia local como vitrine. Durante esses sete anos de governo, o PIB pernambucano cresceu acima do ritmo nacional. No Estado, a média foi de 4,9%, ante 3,5% do país.

Pernambuco contou com grande volume de empréstimos e parcerias com a União. As dívidas somavam R$ 8 bilhões até março deste ano. Seu vice, João Lyra Neto, também do PSB, herda uma gestão que conseguiu conter o avanço da violência.

Embora a meta anual de 12% de queda só tenha sido atingida duas vezes desde 2007, Pernambuco melhorou de posição no ranking de mortes violentas nos Estados, passando do 3º para o 5º lugar em 2011. Campos também deixa como legado a construção de 52 novas unidades de saúde, entre hospitais e UPAs.

Sua gestão foi marcada pela quase ausência de oposição na Assembleia, apoio massivo de prefeitos e parentes distribuídos por cargos em diferentes instâncias. Há também promessas não cumpridas. A universalização da oferta de água, a construção de um presídio em parceria com a iniciativa privada e a meta de escolas técnicas e integrais, por exemplo.

Segundo o governo, a cobertura do abastecimento de água passou de 85%, em 2007, para 97%, em 2014. Sobre o presídio, diz que a concessionária responsável pela Parceria Público-Privada teve problemas financeiros. Na educação, diz que outras 14 escolas técnicas serão abertas até o fim de 2014.

Fonte: Folha de São Paulo

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