Mulheres ganham 19,4% menos que homens, mostra 1º Relatório de Transparência Salarial

Apresentado nesta segunda-feira (25), o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, uma iniciativa dos Ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego, revela uma disparidade salarial significativa entre homens e mulheres no Brasil.

Segundo o documento, as mulheres recebem, em média, 19,4% a menos que os homens, com variações notáveis entre diferentes categorias ocupacionais. Em posições de liderança, como cargos de direção e gerência, a lacuna salarial se amplia para 25,2%.

A CSB acompanhou a divulgação dos dados, representada pela secretária nacional da Mulher, Antonieta de Faria. O evento foi acompanhado pelo Fórum Nacional das Mulheres Trabalhadoras, que reúne o movimento feminino das centrais sindicais.

Participaram da divulgação o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e as ministras Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), além do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Lélio Bentes Côrrea.

O estudo analisou informações de 49.587 empresas com mais de 100 funcionários, das quais 73% estão em atividade há mais de uma década. Essas empresas representam quase 17,7 milhões de trabalhadores no total.

Quando o foco se volta para a análise racial, as disparidades se tornam ainda mais pronunciadas.

As mulheres negras, que representam 16,9% do total de empregados, enfrentam as maiores desigualdades: sua remuneração média é de R$ 3.040,89, o que corresponde a apenas 68% da média geral, enquanto os homens não negros ganham, em média, R$ 5.718,40, superando a média geral em 27,9%.

Comparativamente, as mulheres negras ganham 66,7% do que recebem as mulheres não negras.

 

Critérios remuneratórios beneficiam homens

Em relação aos critérios remuneratórios, foi constatado que 51,6% das empresas analisadas possuem planos de cargos e salários ou de carreira, baseando-se principalmente em fatores como proatividade, capacidade de trabalho em equipe, experiência e cumprimento de metas.

No entanto, observa-se que homens tendem a se beneficiar mais desses critérios devido a fatores como a realização de horas extras, que são menos acessíveis para mulheres, muitas vezes limitadas por responsabilidades familiares.

O relatório também aponta para a necessidade de políticas de incentivo à diversidade: apenas 32,6% das empresas possuem iniciativas para a contratação de mulheres, com números ainda menores para grupos específicos, como mulheres negras, com deficiência, LBTQIAP+, chefes de família ou vítimas de violência.

Diferenças por estado

As diferenças salariais também variam significativamente entre os estados. O Distrito Federal apresenta a menor desigualdade, com mulheres ganhando 8% a menos que os homens, enquanto em estados como Sergipe e Piauí, as diferenças são de 7,1% e 6,3%, respectivamente. Em contraste, São Paulo mostra uma disparidade de 19,1%, refletindo quase exatamente a média nacional.

Lei da Igualdade Salarial

Este levantamento atende aos requisitos da Lei da Igualdade Salarial (Lei nº 14.611/2013), sancionada em julho de 2023 pelo presidente Lula, que estabelece a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens.

Esta legislação permite uma compreensão ampliada sobre a realidade salarial nas empresas brasileiras e incentiva políticas de contratação e promoção com uma perspectiva de gênero.

Além disso, o relatório detalha a média de remuneração e o salário contratual mediano por gênero, além de oferecer um panorama das diferenças salariais em cada estado brasileiro e entre diferentes grupos raciais e ocupacionais.

Sobre o relatório

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) disponibilizou relatórios individuais para cada uma das empresas analisadas e estabeleceu um prazo até 31 de março para que essas informações sejam publicadas de forma acessível. Empresas que não cumprirem com a divulgação dos dados podem enfrentar multas significativas.

Este relatório marca um passo importante na luta pela igualdade salarial no Brasil, fornecendo uma base de dados sólida para futuras políticas e ações. A transparência e a responsabilidade são enfatizadas como ferramentas essenciais na redução das disparidades de gênero e raça no ambiente de trabalho brasileiro.

Leia também: Fórum das Trabalhadoras das centrais repudia ação contra lei da igualdade salarial

Compartilhe:

Leia mais
Lula critica fala de campos neto
Lula critica fala de Campos Neto sobre aumento de salários ser uma "preocupação"
Manifestação contra juros altos 30 de julho
Centrais sindicais farão ato contra juros altos: cada 1% na Selic custa R$ 38 bi ao povo
eduardo leite nova proposta servidores
Governo do RS adia projetos de reestruturação de carreiras de servidores e anuncia mudanças
Grupo de Trabalho estudará impactos da inteligência artificial
Governo cria grupo para estudar impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho
GT do G20 sobre emprego em Fortaleza
CSB em reunião do G20: temas discutidos aqui são colocados em prática pelos sindicatos
adolescentes trabalho escravo colheita batatas cerquilho sp
SP: Operação resgata 13 adolescentes de trabalho escravo em colheita de batatas
sindicam-ba filia-se csb
Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Bahia filia-se à CSB
Parceria Brasil-EUA contra calor extremo trabalhadores
Parceria Brasil-EUA pelos Trabalhadores e OIT debatem ação contra calor extremo
BNDES abre concurso 2024 veja edital
BNDES abre concurso com 150 vagas e salário inicial de R$ 20 mil; acesse edital
pesquisa jornada flexivel trabalho híbrido
Flexibilidade de jornada é prioridade para 30% dos trabalhadores no Brasil