O foco da campanha do Maio Lilás do Ministério Público do Trabalho (MPT) este ano é estimular o engajamento dos jovens nas atividades sindicais. Com o slogan “Dê um play nos seus direitos”, a iniciativa busca mostrar a importância da participação da juventude no processo de defesa e conquista de seus direitos.
A campanha planeja a realização de um evento sobre sindicalismo e juventude em São Paulo, fruto de uma parceria entre MPT e as centrais sindicais, o lançamento de uma cartilha sobre atos antissindicais, uma sequência de materiais especiais paras as redes sociais e outros eventos regionais.
O tema foi escolhido a partir da constatação da queda da participação dos jovens nas atividades sindicais. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de trabalhadores entre 16 e 29 anos filiados a seus sindicatos caiu 55% em dez anos, saindo de 3 milhões em 2012 para 1,3 milhão em 2022.
Para o secretário nacional da Juventude da CSB, Enver Padovezzi, o afastamento dos jovens de seus sindicatos está ligada à transformação tecnológica pela qual passou a sociedade no período analisado.
“Tivemos experiências incríveis de avanços tecnológicos que mudaram completamente, e de forma muito rápida, nosso modo de comunicação social. Ou seja, faltou para os sindicatos o mesmo que faltou para muita gente: adaptação às novas ferramentas disponíveis na mesma velocidade das mudanças. Os jovens que hoje estão entrando no mercado de trabalho são atingidos muito mais rapidamente e com uma frequência voraz pelas pautas das empresas de desvalorização das representações sindicais, fazendo campanhas para atrelar sindicalismo a uma coisa do passado”, avalia.
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Coordenadora nacional de Promoção da Liberdade Sindical e do Diálogo Social (Conalis) do MPT, a procuradora Viviann Brito Mattos explica que a campanha visa construir um espaço de diálogo entre a juventude trabalhadora e o movimento sindical para que um lado possa aprender mais sobre a importância da luta sindical e o outro, o que a juventude busca para se engajar, encontrando pontos em comum.
“A falta de participação e engajamento dos jovens trabalhadores enfraquece a representatividade dos sindicatos, tornando-os menos eficazes na defesa dos direitos trabalhistas e na promoção de condições laborais justas e dignas para essa parcela da população trabalhadora, que, atualmente, é a mais afetada pelo desemprego, informalidade e precarização”, afirma.
A procuradora acrescentou que esse afastamento não é prejudicial apenas para os jovens, que se distanciam da mais poderosa ferramenta que a classe trabalhadora tem para reivindicar seus direitos, mas para o próprio movimento sindical por sua dificuldade de se adaptar às novas realidades do mercado de trabalho e da sociedade. Padovezzi concorda com a visão da procuradora:
“É fundamental que os sindicatos estejam abertos para aprender com a juventude, principalmente entender sobre suas paixões, desejos e vontade de reconhecimento. Os sindicatos têm que proporcionar condições de participação dos jovens em suas estruturas, para que se reconheçam como protagonistas nas frentes sindicais e queiram defender e participar dessas construções, não só sindicatos falando sobre as “juventudes”, mas jovens sindicalistas falando para todos os jovens trabalhadores e engajando esse público nas lutas trabalhistas”, diz.
Sindicalismo e juventude
A campanha deste ano integra um conjunto de ações previstas no Projeto Estratégico da Conalis denominado “Sindicalismo e juventude”, que será desenvolvido como piloto nas Procuradorias Regionais do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro), 2ª Região (São Paulo), 4ª Região (Rio Grande do Sul), 17ª Região (Espírito Santo) e 20ª Região (Sergipe).
Segundo o gerente do projeto, Bernardo Leôncio Moura Coelho, seu objetivo é resgatar o papel dos sindicatos na vida cotidiana dos trabalhadores, ressaltando suas atividades e conquistas, bem como inserir os novos trabalhadores na vida ativa sindical, renovando as bases sindicais.
Sobre o Maio Lilás
O Maio Lilás é promovido pelo MPT desde 2017 para realização de campanhas de conscientização a respeito do mundo sindical. O mês de maio foi escolhido como homenagem a uma greve geral puxada por trabalhadores de Chicago, nos Estado Unidos, no final do século 19, em que muitos deles foram mortos ou presos por lutarem por valorização e por melhores condições de trabalho.
Já a cor lilás é uma homenagem às 129 mulheres trabalhadoras, que foram trancadas e queimadas vivas em um incêndio criminoso numa fábrica de tecidos, em Nova Iorque (EUA), em 8 de março de 1857, por reivindicarem um salário justo e redução da jornada de trabalho. No momento do incêndio, era confeccionado um tecido de cor lilás.