Maná para os bancos

Reforma da Previdência pode gerar receitas de R$ 388 bilhões por ano para gerir os recursos

Todas as propostas de reforma da Previdência incluíram um pilar de capitalização. Nele, o trabalhador da ativa faz uma poupança, voluntária ou compulsória. Na hora de receber o benefício, o capital acumulado e seus rendimentos ajudam a compor o saldo, reduzindo a carga sobre os trabalhadores na ativa. Esse modelo é visto como virtuoso por dois motivos. O primeiro, macroeconômico, é que ele permitirá a geração de poupança de longo prazo. O segundo, microeconômico, é dar ao trabalhador as melhores alternativas para seu dinheiro, estimulando uma cultura de poupança. No entanto, há algumas dificuldades.

Segundo Mauro José da Silva, diretor técnico da Unafisco, a associação dos auditores fiscais da Receita Federal, a proposta de capitalização vai gerar negócios polpudos para os bancos. Porém, se a conta ficar apenas com o trabalhador, sem participação do empresário, o dinheiro vai durar pouco. Silva realizou um estudo, obtido com exclusividade pela DINHEIRO, calculando a acumulação e os benefícios no longo prazo. Em seu estudo, ele considerou dois ciclos longos de 35 anos, nos quais haveria apenas o regime de capitalização e do qual participariam todos os trabalhadores.

Ao fim desse período, o sistema teria um patrimônio de R$ 54 trilhões, mais de 13 vezes o total aplicado atualmente em fundos de investimento. Esse montante geraria, em média, um faturamento anual de R$ 388 bilhões em taxas de administração e carregamento para os bancos. “Porém, na média, um trabalhador que se aposentasse aos 60 anos só teria dinheiro até os 73 anos”, diz Silva. Sem as taxas cobradas pelos bancos, o dinheiro acabaria aos 80 anos. “No limite da expectativa de vida atual”, diz ele. Sua conclusão é simples. “Apesar da defesa do sistema de capitalização, ele só se sustenta com a participação dos trabalhadores e dos empregadores, no mínimo com contribuições iguais para a formação da poupança.”

Fonte: Isto é Dinheiro

Compartilhe:

Leia mais
Antonio Neto Sindis
Antonio Neto: Sindicatos devem aproveitar tecnologias e se adaptar para sobreviver
empresa obriga mãe voltar ao trabalho recém-nascido
Empresa é condenada por obrigar mãe a voltar ao trabalho uma semana após dar à luz
semana 4 dias de trabalho aumento produtividade
Empresa aumenta produtividade em 20% ao adotar semana de 4 dias; Brasil testou modelo
Antonio Neto 3 congresso cspm
3º Congresso da CSPM: Antonio Neto fala sobre necessidade de adaptação dos sindicatos
escala 6x1 prejudica saúde mental
Escala 6x1 prejudica produtividade e saúde mental dos trabalhadores, diz especialista
ministra esther dweck defende estabilidade do servidor público
Estabilidade do servidor é pilar de defesa do Estado, diz Esther Dweck em resposta à Folha
CSB no G20 Social
CSB defende fim da escala 6x1 e proteção aos direitos dos trabalhadores no G20 Social
movimento sindical g20 social rj taxação ricos
Centrais defendem taxação dos mais ricos e menos juros em nota pós G20 Social
CSB-RS Antonio Roma e CSB-BA Mario Conceição
Dirigentes da CSB RS e BA participam da Semana Nacional de Negociação Coletiva
pagamento 13 salario 2024
Pagamento do 13º salário deve injetar mais de R$ 320 bilhões na economia em 2024