Macaé, RJ, lidera ranking do trabalho escravo em 2014 no Brasil

Segundo o MTE, foram 118 trabalhadores libertados na cidade. Todos eles estavam a serviço do setor da construção civil

Em constante crescimento por causa da indústria do petróleo, o município de Macaé, no litoral do Rio, passou a liderar um triste ranking neste início de 2015. Dados divulgados nesta quarta-feira (28) pelo Ministério do Trabalho colocam a cidade como a que mais registrou casos de trabalho análogo à escravidão no ano anterior. Segundo o MTE, foram 118 trabalhadores libertados na cidade. Todos eles no setor da construção civil.

“Estamos vivendo um boom da construção civil que nos fez voltar as atenções para este setor. Esse aumento de casos na construção civil vem sendo registrado desde 2013. Desde então nos preparamos para isso, intensificamos as fiscalizações e o resultado está aparecendo. O grande problema é que este é um setor que terceiriza muito (a mão de obra), e isso às vezes coloca o trabalhador em situação degradante”, afirma o cheve da Divisão de Fiscalização  para Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho, Alexandre Lyra.

Segundo ele, que falou por telefone com a reportagem do G1, apesar das terceirizações causarem boa parte do problema, grandes construtoras também vêm sendo fiscalizadas e autuadas por essa prática.

“Há casos de grandes construtoras que foram autuadas por terceirizarem mão de obra escrava como, também, por empregarem diretamente trabalhadores em situação degradante. Estamos reforçando a fiscalização na ponta e, ao mesmo tempo, monitorando essas grandes empresas”, completou.

Para dar mais efetividade à fiscalização em 2015, o Ministério do Trabalho aguarda a liberação de um concurso público que deverá preencher mais de 800 vagas de auditor fiscal que estão abertas.

“Esperamos que o Ministério do Planejamento possa liberar a realização do concurso o mais breve possível. Por enquanto trabalhamos com o que temos e a estrutura é boa. Temos auditores em todos os estados e estamos conseguindo atingir os objetivos”, declarou Alexandre Lyra.

Em todo o país, 1.590 trabalhadores libertados
O relatório divulgado pelo Ministério do Trabalho aponta que, em todo o país, foram realizadas 248 ações fiscais em 2014. Um total de 1.590 trabalhadores em situação análoga a de escravo foram resgatados. A Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) aponta que a efetivação de parcerias inéditas no trato da questão, envolvendo o Ministério da Defesa, Exército Brasileiro, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre outros.

Para Alexandre Lyra, “os dados ainda que em fase de consolidação, indicam a atuação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel de Combate ao Trabalho Análogo ao de Escravo (GEFM), decorrente dessas parcerias, em municípios e em atividades econômicas antes não abordados com rotina pela inspeção do trabalho”.

Fonte: G1

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