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Jovens negros têm mais dificuldade de acessar mercado de trabalho, diz pesquisa

Jovens negros têm mais dificuldade de acessar mercado de trabalho, diz pesquisa

Um estudo inédito encomendado pelo Banco Mundial ao Núcleo de Pesquisa Afro do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e ao Instituto de Referência Negra Peregum escancara uma realidade que há tempos é de conhecimento da maior parcela da população brasileira: os jovens negros cada vez mais encontram dificuldades para se colocar no mercado de trabalho.

“É muito difícil a gente conseguir um emprego. Por qual motivo, eu não consigo entender, mas que é difícil, é. Principalmente agora na época de pandemia, está mais difícil ainda. São poucas vagas, e as vagas são muito concorridas. Eles querem que a gente tenha experiência de 30 anos, só que a gente tem apenas 25 anos de idade. Ou você tem que ter muita experiência, tem que ter estudo. Quando a gente não tem nenhum dos dois, fica muito difícil”, desabafa uma jovem negra, de 25 anos, de Belo Horizonte.

A jovem não está sozinha – o estudo mostra que, embora a população negra seja 56%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa parcela que já a tem os menores índices de acesso à educação; à saúde; são os que mais sofrem com os altos índices de violência e encarceramento, também são os que mais tem problemas em conseguir um emprego.

O estudo compila entrevistas feitas com jovens negros nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Recife, Belém e Porto Alegre, além de dados de pesquisas do IBGE, para mostrar que a contratação e até mesmo os salários variam de acordo com a raça, o gênero, religião e se é ou não uma pessoa com deficiência.

No Brasil cerca de 45% dos empregadores são homens brancos, e mais da metade das mulheres brancas têm vínculo empregatício formal. Do outro lado, 60% dos trabalhadores informais são negros, ao passo que dos quase 10 milhões de desempregados que temos no país hoje, a parcela preta ou parda corresponde a 72%.

A pandemia de covid-19 ressaltou as desigualdades. Dados demonstram que, ao longo de 2020, a taxa de desocupação aumentou no país. Entre brancos, cresceu de 9,2% para 11,6%. Entre negros, foi de 11,4% para 16,6%.

Fonte: Correio Braziliense

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