GT Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical realiza seminário em São Paulo

Evento teve como objetivo debater a pesquisa e o relatório organizado pelo grupo

O GT Ditadura e Repressão aos Trabalhadores  e ao Movimento Sindical  realizou, nesta terça-feira, dia 15, um seminário na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis e Assemelhados de São Paulo e Região (Sinthoresp) para discutir as diretrizes das pesquisas e do relatório final do grupo. A relação entre as empresas e o aparelho repressivo da ditadura é o principal foco da investigação da comissão.  A discussão se baseou em uma proposta de estrutura de relatório apresentada pela Drª Rosa Cardoso, coordenadora do GT e membro da CNV. Também estiveram presentes pesquisadores de Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná, que estão contribuindo para o trabalho do grupo.

Os sindicatos pedem que as vítimas e familiares que possuem provas, documentos ou queiram prestar depoimento contra as empresas que contribuíram para a repressão do regime militar procurem as centrais sindicais ou o GT. Essas informações vão ajudar a construir o relatório.  O objetivo é recuperar a verdade e memória da época, e lutar por justiça e reparação aos que tiveram suas vidas marcadas pelo regime. “Não podemos, jamais, nos esquecer das atrocidades cometidas pela ditadura militar. Por isso, o movimento sindical brasileiro está realizando essa pesquisa. Estamos exigindo verdade e justiça. A informação e a conscientização são as melhores formas de impedir que isso volte a se repetir em nosso país”, disse Alvaro Egea, secretário-geral da CSB.

dsc00328Para Rosa Cardoso, coordenadora do grupo de trabalho, os trabalhadores e o movimento sindical foram os principais alvos da ditadura, por isso a investigação e participação da sociedade civil se fazem tão importantes. “Centenas de entidades sindicais sofreram intervenções. Milhares de dirigentes foram presos, torturados e até mesmo assassinados. Ataques aos direitos sindicais e trabalhistas foram aprovados pelos militares, e empresários comprometidos com a ditadura financiaram torturas e prisões”, lembra Rosa.

Segundo divulgado pelo GT dos Trabalhadores, a linha de pesquisa central do grupo é mostrar as intervenções aos sindicatos, cassações de mandato, prisão, tortura e morte de sindicalistas e trabalhadores entre 1946 e 1988. Além disso, o GT quer mostrar como as empresas financiaram o golpe e os anos de ditadura no Brasil, e colaboraram na perseguição aos trabalhadores.

Em dezembro deste ano, a Comissão Nacional da Verdade fará a entrega do relatório geral à Presidenta Dilma. Caberá  ao Ministério Publico  promover  eventuais ações criminais  contra os torturadores  com base no relatório. Também caberá às famílias e às vítimas que desejarem entrar com ações judiciais de reparação contra as empresas e os órgãos responsáveis pela repressão.  “Esse trabalho que estamos fazendo é humanitário. Nos últimos 27 anos houve uma destruição dos documentos e da história da violência da ditadura. Essa reunião de provas e documentos é uma forma de justiça”, disse Egea. Também serão entregues cópias do relatório e do acervo de documentos para bibliotecas e universidades para que essas informações estejam ao alcance de todos.

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