Centrais pedem redução dos juros em protesto em frente ao Banco Central em São Paulo

Em um ato realizado nesta terça-feira (9) em frente ao edifício-sede do Banco Central (BC) em São Paulo, na Avenida Paulista, representantes de centrais sindicais manifestaram-se contra a manutenção da taxa básica de juros (Selic) n patamar de 15% ao ano. A manifestação ocorreu no mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne para decidir o futuro da Selic. A expectativa do mercado financeiro é de que os diretores mantenham a Selic inalterada, mas sinalizem a possibilidade de cortes modestos a partir do ano que vem.

A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) estava presente ao lado de CUT, CTB, Força Sindical, UGT, NCST e Pública, que se uniram para exigir cortes na Selic. Os manifestantes os juros nesse patamar argumentando que a a inflação está dentro da meta estabelecida pelo regime de metas (que é de 3% ao ano, com intervalo de tolerância de 1,5 a 4,5%), enquanto o Brasil mantém a maior taxa de juros real (Selic descontada a inflação) do mundo.

A crítica principal das lideranças sindicais é de que a política monetária restritiva, ao encarecer o crédito, inibe investimentos, a produção e, consequentemente, a geração de mais e melhores empregos. Eles defendem que o controle da inflação seja perseguido por meio do estímulo ao aumento da oferta de produtos e serviços, e não apenas pelo caminho tradicional de conter a demanda, que, segundo os sindicatos, gera desemprego e arrefecimento econômico.

Em discursos no carro de som, representantes das centrais afirmaram que a taxa elevada beneficia apenas os detentores de renda financeira, prejudicando os trabalhadores e a cadeia produtiva. Os manifestantes também pediram a saída do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Galípolo, indicado pelo presidente Lula, tem sido alvo de críticas de setores da base governista por manter, na prática, a mesma linha de política monetária que visa estrangular a demanda de seu antecessor, Roberto Campos Neto, nomeado durante o governo de Jair Bolsonaro.

“Manter os juros nesse patamar estratosférico, com a inflação sob controle, é um atestado da falta de compromisso do Banco Central contra o Brasil e as necessidades do povo brasileiro. Asfixia a indústria, o comércio e a agricultura inibindo investimentos, e tenta jogar o trabalhador no desemprego ou no emprego precário. Nem os empresários, aqueles que realmente produzem no país, aguentam mais a Selic neste patamar. Só serve para engrossar o lucro dos bancos e dos especuladores”, afirma o presidente da CSB, Antonio Neto.

Galípolo tem sido alvo de críticas dentro do próprio governo, apesar de sua indicação ter sido realizada pelo presidente Lula. Na última quinta-feira, durante a etapa estadual da II Conferência Nacional do Trabalho em São Paulo, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que o Brasil continuará crescendo em 2026, mas que se “o Banco Central colaborar [cortando os juros], ninguém segura”.

Enquanto os manifestantes pediam “cortes drásticos” na Selic, analistas do mercado que a taxa se manterá em 15% nesta reunião. A atenção do mercado está voltada para a ata do encontro, que será divulgada na próxima semana, em busca de sinais sobre o início de um ciclo de afrouxamento monetário. A projeção mais comum entre economistas é que os primeiros cortes só devem ocorrer a partir de março de 2026, e de forma gradual.

Fotos: divulgação/CSB

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