Greve dos professores: “Se um governo não pensar na educação, o Brasil não cresce”

Maria Mercês e Adenir Segura, dirigentes da CSB, convocam a categoria e o povo brasileiro a lutarem pelo futuro do Brasil no dia 15 de maio

 

O próximo dia 15 de maio tem tudo para entrar para a história. Diante de cortes que superam 30% na educação e uma reforma da Previdência que atinge bruscamente os professores, a categoria está pronta para tomar as ruas do Brasil contra os retrocessos impostos pelo governo de Jair Bolsonaro. Esta é a análise de Maria das Mercês Silveira Coutinho, vice-presidente da CSB e presidente do Sindicato dos Professores Municipais de Carpina e Região (SINDPROFM), em Pernambuco.

A dirigente encabeça os atos no estado nordestino e afirma que chegou o momento de o País mostrar o que realmente precisa. “O que resolve nesse País é a educação. Com a educação a gente transforma a saúde e a segurança. Se um governo pensar só em violência, e não pensar também na educação, o Brasil não cresce”, afirma Mercês.

Com este recado, a presidente do SINDPROFM reitera a necessidade de todos os professores do País, além da sociedade e o conjunto dos trabalhadores, irem às ruas no dia 15. “É nós que temos que ir às ruas lutarmos por dignidade, por aposentadoria digna e melhores condições de trabalho. Vai depender de nós a mudança. Esse governo vem governar o País e não tem preparo, não tem visão de educação”, critica.

Os cortes no setor, anunciados pelo ministro Abraham Weintraub, chegam a R$ 2,1 bilhões nas universidades, R$ 860,4 nos institutos federais e quase R$ 1 bilhão do ensino básico ao médio. Além de condenar essa drástica redução, que compromete a qualidade do ensino, as pesquisas e o avanço na alfabetização, Maria das Mercês também repudia as novas regras para os professores propostas pela PEC 06.

“Essa reforma faz mal principalmente para as mulheres, que são quase 80% dos professores da educação básica”, destacou a vice-presidente da CSB. Pela proposta do governo, os professores poderão se aposentar a partir dos 60 anos com tempo mínimo de contribuição de 30 anos.

Pelo futuro do Brasil

Assim como Mercês, o também professor e presidente do Sindicato dos Professores das Escolas Municipais de Barueri e Região (SIPROEM), Adenir Segura, ressalta a necessidade de organização e mobilização para impedir que o governo mantenha o povo “debaixo do chinelo da classe política”. “O governo não quer ver os jovens mudando o destino do País. Ele vem a público anunciar, com fogos e pompas, que vai fazer um corte de verba na educação. Bolsonaro já disse que é interessante que os jovens não se engajem na política. Se não é para se engajar na política, também não é para os estudos. É apenas fazendo ‘arminha’ e frases prontas”, dispara o professor.

Em sintonia com esse pensamento, a presidente do SINDPROFM também aponta a educação como parte importante de um problema crônico e estrutural. “Não temos condição de ficar até os 60 anos numa sala de aula. Os alunos vêm hoje de uma família muito desestruturada, o ambiente familiar está desestruturado. Os alunos não querem aprender, eles já vêm de casa para usar drogas dentro da escola. É uma violência muito grande porque ele vê essa violência dentro de casa e traz para dentro da escola”, argumenta a professora.

Segundo ela, não é possível suportar uma jornada de trabalho que não conta a com mínima infraestrutura para professores e alunos. “Os ambientes escolares, pelo menos aqui no Nordeste, são muito quentes. Escolas que foram construídas há décadas, sem ventilação, sem material didático para os professores”, revela a dirigente.

É com este espírito que Maria Mercês e Adenir Segura convocam todos os professores do Brasil, a sociedade civil, o conjunto da classe trabalhadora e todos os que esperam e desejam um País desenvolvido e próspero para a greve nacional dos professores neste 15 de maio. O evento faz parte do esquenta para a greve geral de 14 de junho, organizada pelas centrais sindicais.

Veja os atos:

São Paulo

Às 14 horas – em frente ao MASP, na Avenida Paulista

Barueri e região

Organizado por Adenir Segura, a mobilização contará com a participação de nove cidades da região com panfletagem pela manhã. Os professores irão, em seguida, participar do ato na capital paulista.

Pernambuco

Maria das Mercês comanda a manifestação em Carpina, que reunirá centenas de professores contra os cortes na educação e a reforma da Previdência.

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