Após acordo com centrais, governo fará distribuição extra do FGTS aos trabalhadores

O Ministério do Trabalho (MTE) fechou com as centrais sindicais um acordo para fazer uma distribuição extra do FGTS entre os trabalhadores, além da divisão do lucro anual de cada exercício prevista em lei e que ocorre há sete anos nos meses de agosto.

O acordo previa que essa distribuição ocorresse apenas caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decidisse que a correção monetária do FGTS deva seguir o IPCA (índice que mede a inflação oficial) no lugar da poupança. E foi exatamente isso que aconteceu em julgamento ocorrido na última quarta-feira (12).

A ideia é que os recursos saiam do patrimônio líquido do Fundo, em R$ 117,179 bilhões de acordo com o último balanço disponível do FGTS de 2022. Segundo técnicos a par das discussões, o volume a ser liberado pode chegar R$ 20 bilhões.

Medida inédita

A medida é inédita e faz parte das negociações entre o MTE e as centrais em troca de apoio à mudança de remuneração das contas do FGTS, objeto da ação julgada na quarta.

Anteriormente, a rentabilidade do FGTS era corrigida por 3% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR). Há ainda a distribuição do lucro.

Ofício

O acordo com as centrais consta de um ofício assinado em 7 de junho pela Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e União Geral dos Trabalhadores (UGT).

“Consultadas pelos órgãos de governo, se colocaram à disposição para, após o trânsito em julgado da deliberação que vier a ser tomada pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito da ADI nº 5.090, e mediante processo de negociação junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, operacionalizar administrativamente a distribuição extraordinária de recursos do patrimônio líquido do Fundo para as contas vinculadas dos cotistas”, diz trecho do ofício.

A medida precisa ser aprovada pelo Conselho Curador, mas o governo preside o colegiado e tem maioria.

Títulos do governo

Integrantes do Conselho Curador avaliam que a medida é benéfica para os trabalhadores, mas reduz as disponibilidades do Fundo, em R$ 171,07 bilhões. Esse dinheiro está aplicado em títulos do governo, com duração de 27,5 meses. Em 2022, o investimento rendeu 11,82%.

Ao reduzir o patrimônio, os rendimentos também caiem com reflexos no resultado do Fundo, que já tem as contas afetadas pelas retiradas do saque aniversário. No futuro, os orçamentos do FGTS para financiar habitação popular e saneamento podem prejudicados, alega um executivo do setor da construção civil.

Outro argumento é o risco de gerar outro passivo para o FGTS porque existem cerca de 1,7 milhão ações individuais de trabalhadores em tramitação na justiça, pedindo a correção pelo IPCA. A tendência é que essas ações sejam mantidas porque a divisão extra entre os cotistas vale só para quem tem saldo na conta.

Desde que o governo passou a dividir com os trabalhadores o lucro anual do FGTS, em 2017, foram creditados de forma proporcional aos saldos existentes R$ 67,2 bilhões. Segundo dados oficiais do Fundo, com essa sistemática, a rentabilidade acumulada foi de 49,83%, acima da poupança de 42,89% e do IPCA, de 44,11%.

Fonte: O Globo

Compartilhe:

Leia mais
Antonio Neto 3 congresso cspm
3º Congresso da CSPM: Antonio Neto fala sobre necessidade de adaptação dos sindicatos
escala 6x1 prejudica saúde mental
Escala 6x1 prejudica produtividade e saúde mental dos trabalhadores, diz especialista
ministra esther dweck defende estabilidade do servidor público
Estabilidade do servidor é pilar de defesa do Estado, diz Esther Dweck em resposta à Folha
CSB no G20 Social
CSB defende fim da escala 6x1 e proteção aos direitos dos trabalhadores no G20 Social
movimento sindical g20 social rj taxação ricos
Centrais defendem taxação dos mais ricos e menos juros em nota pós G20 Social
CSB-RS Antonio Roma e CSB-BA Mario Conceição
Dirigentes da CSB no RS e na Bahia participam da Semana Nacional de Negociação Coletiva
pagamento 13 salario 2024
Pagamento do 13º salário deve injetar mais de R$ 320 bilhões na economia em 2024
pelo fim da escala 6x1
Centrais sindicais apoiam fim da escala 6x1: "redução da jornada de trabalho já!"
fachada stf - vínculo de emprego terceirização
Terceirização não impede reconhecimento da relação de emprego com tomador, decide STF
csb escala 6x1
Nota da CSB: apoio ao fim da escala 6x1 e pela redução da jornada de trabalho