Governo Bolsonaro estuda transformar Receita Federal em autarquia

Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, examina diminuir tarefas e atribuições da Receita Federal, que pode ser transformada em uma autarquia.

Dentre as principais mudanças sofridas pela instituição, está a perda do poder de elaboração de políticas tributárias, função que ficaria sob responsabilidade direta do Ministério da Economia. Já à Receita restaria apenas a arrecadação, fiscalização e acompanhamento tributário.

De acordo com o discurso oficial, as novas medidas visam oxigenar o órgão, que, no diagnóstico do governo, é fechado e corporativista.

O modelo de autarquia, que confere mais autonomia à instituição, que ficaria apenas vinculada ao ministério de Guedes, não é novidade na União. Entidades como Ibama, com vínculo ao Ministério do Meio Ambiente, e a Anvisa, ao Ministério da Saúde, são administradas sob regime semelhante.

A discussão surgiu após uma série de reclamações vindas da cúpula do Judiciário, Legislativo, Executivo e TCU (Tribunal de Contas da União). A principal delas tem relação à tentativa de servidores da Receita em acessar dados das contas do presidente Jair Bolsonaro.

A determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, que suspendeu procedimentos investigatórios que apontavam irregularidades de nomes como Dias Toffoli e Gilmar Mendes, também ajudou a acentuar o clima de crise.

De acordo com auditor fiscal Victor Lins, “o principal é vermos em quais termos a transformação da Receita em autarquia será feita. Se você tiver uma autonomia realmente relevante, com independência orçamentária, funcional e com um mandato fechado para a sua liderança, aí sim teremos o melhor dos mundos”.

Porém dado o contexto em que surge a discussão, há o temor de que a proposta seja uma jogada para afastar o órgão do centro do poder “há a possibilidade de que a Receita se torne uma personalidade jurídica a parte, caminhando a uma pré-privatização”, afirma Lins.

Outro órgão que também sofreu transformações foi o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que será transferido do Ministério da Economia ao Banco Central. De acordo com o presidente Bolsonaro, a mudança visa tirar a instituição do “jogo político”. Recentemente o senador Flávio Bolsonaro (PSL – RJ) virou alvo de investigações baseadas em relatórios do conselho.

Escrito por Caio Ramos Shimizu

Compartilhe:

Leia mais
Design sem nome (2) (1)
CSB defende transição tecnológica justa em reunião de conselheiros com ministra Gleisi Hoffmann
painel 7 transição tecnológica e futuro do trabalho
Encontro Nacional CSB 2025: painel 7 – Transição tecnológica e futuro do trabalho; assista
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara