Gasto do governo com a dívida pública pode alcançar 1 trilhão em 2014, segundo Carmen Bressane

Consultora da Auditoria Cidadã explanou sobre os prejuízos da dívida brasileira, que consome 42% da dívida pública, durante Seminário de Pauta

Na última palestra do primeiro dia (24) do Seminário de Pauta 2013, os diretores do Sindpd e convidados assistiram à palestra “Dívida pública e seus reflexos socioeconômicos”, ministrada pela auditora da Receita Federal, Carmen Bressane, que revelou dados alarmantes sobre os gastos destinados para pagar a dívida pública brasileira, divulgados pelo portal Auditoria Cidadã.

Durante a palestra, foi explanado o atual quadro em que se encontra a dívida pública do Brasil. De acordo com a auditora, no Orçamento Geral da União de 2012, divulgado pelo governo, foram destinados R$ 753 bilhões para pagamento da dívida. Entre 1 de janeiro e 4 de outubro de 2013, já foram pagos mais de R$ 690 bilhões. A previsão para 2014 é que sejam destinados 1,002 trilhão para o pagamento de juros e amortização da dívida, comprometendo cerca de 42% do orçamento.

“O governo e sua equipe econômica insistem em admitir que não há uma crise na dívida pública. Temos as taxas de juros mais alta do mundo e uma carga tributária bastante elevada”, destacou Bressane.

Essa dívida infindável e crescente sacrifica investimentos para  serviços públicos essenciais, como saúde, educação, transporte, segurança, assistência e outros que recebem menos que 30% do dinheiro público.

Alguns motivos dessa  crise na dívida pública se dão historicamente, a partir da década de 1970, quando a dívida se acumulava em 5 bilhões de dólares. Na década de 1980, ela seguiu  em níveis crescentes com o crescimento da taxa de juros de 4 para 20%  desencadeando quebras não só no Brasil como em outros países da América Latina, como o México.

Segundo Bressane, o endividamento se acentua ainda mais com a chegada do Fundo Monetário Internacional (FMI) e a introdução do Plano Brady nos início dos anos 1990.

Outra denúncia que também chamou a atenção dos participantes é o resultado daquilo que ela denominou “sistema de dívidas”, como corte de gastos, congelamento e redução dos salários, demissões, reformas da previdência e comprometimento do fundo de pensão.

O diretor do Sindpd, Celso Lopes, criticou a forma como o poder público vem relegando o problema, que compromete, diariamente, a qualidade de vida do cidadão.

“Muitas pessoas estão imaginando que terão uma aposentadoria tranquila, investindo nos fundos de pensão, e correm sérios riscos por causa de uma má administração pública. Enquanto dirigente sindical, tenho o compromisso de repassar essas informações e de alguma forma combater”, afirmou Lopes.

Carmen Bressane, que também é consultora da Auditoria Cidadã e responsável pelo núcleo de São Paulo, salientou que os dados e informações produzidas pela entidade não ganham espaço na grande mídia, devido aos contratos que esta possui com seus patrocinadores, incluindo governo e instituições financeiras.

“Com o silêncio da grande mídia, tivemos que encontrar maneiras como palestras, publicações e também a internet, que tem se mostrado um meio alternativo e poderoso nessa batalha”, conclui Bressane.

A Auditoria Cidadã é uma organização sem fins lucrativos, foi desenvolvida pela ex-auditora da Receita Federal, Maria Lucia Fatorelli, e vem realizando, desde 2001, estudos, publicações, eventos, além de atividades para a mobilização de entidades da sociedade civil nacional e internacional.

Perfil da palestrante

Carmem Bressane é advogada, formada pela Universidade São Francisco de Direito (USP), é Auditora Fiscal da Receita Federal aposentada e possui títulos como diretora administrativa da Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda (de 1985 a 1987), presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (de 2005 a 2007) e consultora da Auditoria Cidadã da Dívida, núcleo São Paulo.

Fonte: Sindpd

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