Executiva da CSB aprova diretrizes para o enfretamento da reforma trabalhista

Orientações à atuação dos sindicatos sobre a Lei 13.467/2017 foram apresentadas e aprovadas na Reunião da Executiva Nacional

Foram aprovadas, nesta terça e quarta-feira (22 e 23), as Diretrizes para Resistência – Orientações Jurídicas e Políticas ao embate contra a Lei 13.467/2017, que dispõe sobre a reforma trabalhista. A ratificação das instruções emitidas pela CSB às entidades filiadas aconteceu no encontro da Diretoria Executiva Nacional da Central. Ao final das discussões, 18 pontos foram formatados e servirão de instrumento de atuação das bases pelo Brasil.

Entre as diretrizes aprovadas, fundamentar a defesa dos direitos trabalhistas na Constituição, princípios e convenções internacionais; combater o dumping social; desenvolver estudos a serem enviados pela CSB a organismos, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização dos Estados Americanos (OEA), e capacitar o corpo jurídico das entidades sindicais tiveram destaques na discussão.

Na condução do debate, de acordo com o presidente da CSB Antonio Neto, o objetivo do documento é nortear a postura da Central e dos sindicatos filiados nas relações junto às instâncias do Trabalho, que são possíveis aliados à luta do movimento sindical para evitar o retrocesso absoluto dos direitos.

Segundo Neto, “é importante que alinhemos nossas ações no âmbito jurídico e político porque uma coisa não anula a outra”. “No atual cenário político-social brasileiro, os dois universos se complementam, visto que ele foi construído por uma decisão legislativa e a partir de um projeto enviado pelo Poder Executivo Federal. E nós somos uma Central que defende a unicidade sindical. Este é o nosso princípio de orientação. [Assim], a ideia é orientar a linha a ser trabalhada pelo jurídico da CSB e dos sindicatos”, esclareceu.

Representação e prevalência do coletivo

Ao longo do debate, a missão e razão de ser das entidades sindicais foi outro ponto que os sindicalistas deixaram claro que não renunciarão mesmo com os ataques perpetrados pelo texto da nova lei. Para Neto, a conjuntura exige que os dirigentes busquem ferramentas as quais façam o trabalhador se sentir plenamente representado. “Não podemos abrir mão de representar o trabalhador”, salientou o presidente da CSB, corroborado pelos membros da Executiva.

A questão do papel representativo das entidades sindicais foi abordada nas diretrizes sobre jornada 12h x 36h e banco de horas, trabalho autônomo, intermitente, “civilização” da interpretação das leis trabalhistas e homologação. O objetivo das recomendações é preservar a negociação coletiva e o protagonismo da organização dos trabalhadores após a aplicação da Lei 13.467/2017.

Palestrantes do evento e mediadoras do debate, as advogadas Augusta Raeffray e Zilmara Alencar defendem a prevalência das necessidades e reivindicações coletivas acima das individuais para evitar a exploração do patronato. Durante a discussão, as juristas relembraram que o dever dos sindicatos é representar categorias inteiras, não apenas alguns funcionários.

“A ideia é que abordemos nossas pautas nas negociações coletivas e resguardemos os direitos por meio dos instrumentos coletivos [convenções e acordos], porque, com a lei, pontos como a jornada de 12hx36h e o trabalho intermitente podem ser negociados entre empregado e empregador, de forma individual, o que coloca o trabalhador em posição vulnerável aos abusos dos patrões. [Além disso], no caso dos profissionais liberais, que tendem à ‘pejotização’, é importante que os sindicatos estejam presentes e atuem pela busca da existência do vínculo empregatício”, explica Alencar, que também salienta a importância dos “fundamentos e princípios do Direito do Trabalho mesmo em ações civis” na defesa judicial dos trabalhadores.

Já Augusta Raeffary adverte para a presença das entidades sindicais no momento da homologação para impedir fraudes e o desmanche da organização dos trabalhadores. “A homologação leva o trabalhador até o sindicato. É quando ele entra em contato e, muitas vezes, conhece a entidade e sua função”, avalia.

CSB e Participação

Com 770 sindicatos, a CSB cresceu 10,7% até a metade de 2017 mesmo com o projeto da reforma trabalhista em tramitação. De acordo o presidente da Entidade, os números são prova de que o movimento sindical e, em especial, a CSB estão fortalecidos.

“Neste primeiro momento, o que queremos é reforçar o papel dos sindicatos. Nós estamos unidos e sólidos e, por isso, iremos defender a Convenção Coletiva como patamar mínimo de direito. A Convenção melhora a CLT, o acordo coletivo ou o individual precisam melhorar a Convenção, como determina a própria Constituição. É hora de dizermos a eles, governo e empresários, que estamos fortes e participarmos da construção desta linha de atuação em vistas da reforma”, conclama Neto.

A CSB convida os interessados em fazer sugestões à redação das justificativas de cada diretriz a enviarem suas propostas até 21/09 para [email protected].

Veja a galeria de fotos

Compartilhe:

Leia mais
reunião tst centrais sindicais
Centrais têm reunião com presidente do TST sobre contribuição assistencial e emprego no RS
APOIO À NOTA TÉCNICA Nº 09 DA CONALIS
Centrais sindicais dão apoio à Nota Técnica da Conalis (MPT) sobre contribuição assistencial
acordo rodoviários porto alegre trt
Rodoviários de Porto Alegre terão reajuste no salário e no vale-alimentação
Apoio Financeiro RS prorrogado
Governo amplia prazo para empresas do RS aderirem a Apoio Financeiro a funcionários
prodesp descumpre cota jovem aprendiz
Tarcísio promete 60 mil vagas de Jovem Aprendiz, mas Prodesp descumpre cota
Fachada ministério do trabalho
Ministério do Trabalho notifica 1,3 mil sindicatos para atualizar informações; acesse a lista
falecimentot josé alberto rossi cnpl
Nota de pesar: CSB lamenta falecimento de José Alberto Rossi, ex-presidente da CNPL
3a plenaria conselhao
Centrais defendem esforço maior contra a desigualdade em plenária do Conselhão
Desemprego no Brasil cai em 2024
Desemprego no Brasil cai de 8,3% para 7,1% em um ano; massa salarial cresceu 5,6%
Encontro sindicatos BR-CHINA SP 2
CSB recebe sindicalistas chineses para apresentar atuação sindical no Brasil