Em Rondonópolis (MT), mil servidores municipais se mobilizam contra péssimas condições de trabalho e por reajuste de 10%

Prefeito José Carlos do Pátio se nega a atender às reivindicações da categoria

Na luta por reajuste salarial digno, revisão do Plano de Cargos e Carreiras e ampliação do diálogo entre o governo e a população, os servidores municipais de Rondonópolis (MT) paralisaram suas atividades na última segunda-feira (9). Ao longo do dia, cerca de mil trabalhadores das áreas da educação, saúde, segurança e operacionais reuniram-se em frente à Prefeitura com o mesmo questionamento: por que os salários dos secretários municipais aumentaram 33% enquanto os servidores continuam a enfrentar condições de trabalho precárias?

De acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rondonópolis (SISPMUR), há anos os profissionais convivem com uma folha de pagamento estagnada e cobram uma resposta do prefeito José Carlos do Pátio, cujo posicionamento se manteve contrário ao atendimento das reivindicações dos trabalhadores. Entre elas: fornecimento de materiais suficientes para a prestação do serviço público em diversos setores, reajuste de 10% nos salários e adicional de periculosidade de 30% aos vigilantes municipais.

“O prefeito já disse que não irá atender pautas fundamentais da categoria. Algumas delas são a melhora nas condições de trabalho, a revisão dos Planos de Cargos e Carreiras e um ganho real. E nós reivindicamos isso porque se há possibilidade de conceder 33% de aumento aos secretários, há a possibilidade de conceder 10% de reajuste salarial ao servidor haja vista que embora o País esteja em crise, Rondonópolis não está em crise”, ressalta a presidente do SISPMUR, Geane Lina Teles.

Como exemplo da precária situação que os moradores de Rondonópolis enfrentam, o secretário-Geral da Entidade, Rubens Paulo, cita a falta de variedade de alimentos saudáveis na composição da merenda escolar aos estudantes da cidade. Segundo o dirigente, “a entrega dos materiais é feita a conta-gotas”.

“Cada refeição por aluno nas escolas do município tem um custo de R$ 0,72. Isso fez com que nos últimos três anos, ainda no governo da antiga gestão, a qualidade da merenda escolar despencasse. As crianças, hoje, estão vivendo de chá, bolacha e suco. Ou seja, é uma política da administração entregar materiais a conta-gotas”, denuncia Paulo.

Ainda de acordo com o secretário-Geral do SISPMUR, os servidores pedem a revisão dos Planos de Cargos e Carreiras porque sua elaboração não foi amplamente discutida junto à categoria. Além disso, os trabalhadores reivindicam maior participação nos debates sobre o orçamento da cidade e questionam a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei do Laudo de Insalubridade – o que foi negado pelo prefeito em reunião com a diretoria do Sindicato. A decisão afeta cerca de 3.500 trabalhadores.

“O prefeito não que discutir o orçamento do município, alegou que não tem dinheiro para atender às reivindicações e que tem de ter aumento de impostos. Ele não quer dar nada, não quer negociar nada, não quer fazer nada para servidor. Mas nós vamos continuar na luta em busca do diálogo. Ele acha que pode decidir tudo sozinho sem a categoria, mas não é bem assim. Nós vamos perseguir nossos interesses”, garante Rubens Paulo, ratificado pela presidente Geane Teles.

Segundo a sindicalista, a estratégia é “buscar qual foi o aumento que teve no IPTU no final do ano passado e, com esses dados em mãos, questionar a administração pública novamente”. “Vamos tentar debater as questões antes de entrar em uma greve”, afirma.

Reuber Teles de Medeiros, que ocupa o cargo de presidente do SISPMUR interinamente enquanto Geane se mantém licenciada, também reforça que os servidores não abaixarão a cabeça durante seu tempo à frente da Entidade.

“A sociedade também está sendo penalizada com a qualidade dos atendimentos na rede municipal, já que a política de distribuição de materiais básicos para o atendimento à população na rede municipal tem sido insuficiente, prejudicando o trabalho dos servidores e a sociedade. O SISPMUR vai tentar resolver as coisas com a atual gestão através do diálogo, fazendo o necessário para obtermos uma solução dos problemas apresentados. Estamos preparados e ao lado do servidor para mais esta jornada de negociação”, declarou Medeiros ao site do Sindicato.

Na avaliação do dirigente, o protesto do início da semana já representou “o início de uma longa jornada”.

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