Em palestra, DIEESE expõe a crueldade da reforma da Previdência aos mais pobres

Entidade também desmontou os argumentos do governo e dos apoiadores da PEC 06/2019

A coordenadora de pesquisas do DIEESE, Patrícia Pelatieri, apresentou o grau de crueldade da reforma da Previdência com os mais pobres. A PEC 06/2019, que tramita na Câmara dos Deputados, foi tema central da 15ª Jornada Nacional de Debates, organizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. O evento aconteceu na manhã desta terça-feira (19), no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, na capital paulista.

Entre as mudanças que mais impactarão os trabalhadores estão a perda da garantia de reajuste acima da inflação; redução no valor dos benefícios, sendo necessários 40 anos de contribuição mais a idade mínima de 65 e 62 anos para homens e mulheres, respectivamente, para alcançar 100% o teto do INSS; pensões por cotas sem garantia de 1 salário mínimo; exclusão dos trabalhadores da economia familiar.

Além disso, para os idosos de 60 a 69 anos, o Benefício de Prestação Continuada será de R$ 400, com o direito de receber um salário mínimo apenas a partir de 70 anos, e só terá o abono salarial quem ganhar até 1 salário mínimo mensal. O projeto também retira o direito dos aposentados ainda na ativa de receberem a multa de 40% do FGTS quando demitidos.

“A PEC traz uma completa transformação nos fundamentos da Seguridade Social. Ela substitui os princípios da solidariedade por outros baseados no individualismo. A proposta retira a obrigatoriedade do reajuste dos benefícios pelo índice inflacionário. Sem essa obrigatoriedade, o reajuste pode ser zero por anos. Além disso, estamos falando de 40 anos de contribuição, lembrando que metade dos trabalhadores brasileiros não consegue fazer mais do que 6 meses de contribuição em um ano.  O projeto mexe nas pensões sem garantias de um salário mínimo”, falou coordenadora.

Patrícia alertou que para o fato de que muitas mulheres não conseguirão se aposentar. “Grande parte das mulheres que se aposentam a duras penas para comprovar os 15 anos de contribuição, com salários e benefícios menores, não conseguirão se aposentar por conta dessa elevação de 15 para 20 anos”, completou.

A reforma também ataca os trabalhadores do campo, o que segundo Patrícia, pode causar um empobrecimento rural.

“A PEC altera a forma de comprovação e amplia a idade, principalmente para as trabalhadoras rurais, de 55 para 60 anos e estabelece uma forma diferente de comprovação de contribuição, que vai excluir grande parte da agricultura familiar das aposentadorias. Sabemos o que isso pode significar, uma vez que grande parte dos alimentos que vão para nossas mesas vem da agricultura familiar. A perspectiva de quando perde a capacidade laboral não ter como sobreviver vai expulsar os jovens do campo. Vamos ter um empobrecimento rural ainda mais severo”, disse.

Além de explicar sobre as mudanças, a coordenadora do DIEESE também desmontou teses a favor da aprovação que não se sustentam.

“Os argumentos apresentados pelo governo para propor essa reforma não se sustentam. Os números e os fatos mostram exatamente o contrário disso. Segundo eles, o único jeito de fazer o País crescer é fazendo a reforma da Previdência, o mesmo discurso da reforma trabalhista, e que um ano depois não é isso que a gente vê. Na verdade, é ao contrário, não é a Previdência que determina o crescimento econômico. O crescimento determina a sustentabilidade da Previdência. A reforma não é o combate aos privilégios, e sim retirar de quem já tem muito pouco. Já existem mecanismos de combate a fraudes, e ele [governo] não precisa de reforma para isso. Eles dizem que a reforma fortalece a cobrança da dívida com a União, mas não há nada na reforma que leve a esse caminho”, explicou Patrícia Pelatieri, lembrando que a PEC retira as regras da Previdência da Constituição Federal.

A Jornada de Debates do DIEESE tem parceria com as centrais sindicais e deverá percorrer todas as capitais do País para dialogar como os trabalhadores sobre o tema.

Compartilhe:

Leia mais
Sinplalto filiação CSB
Sindicato dos Servidores Municipais da Microrregião de Araxá anuncia filiação à CSB: "nova fase"
vagas emprego sine carteira de trabalho digital
Vagas de emprego do Sine estão disponíveis na Carteira de Trabalho Digital
emprego e beneficios sociais reduzem pobreza no brasil
Luiz Marinho destaca conquistas lideradas pelo Ministério do Trabalho em 2024
Sindpd aciona empresas que usam desoneração sem enquadramento sindical
Sindpd-SP inicia processos contra empresas que utilizam desoneração sem enquadramento correto
intercambio sindical em Washington
Sindicalistas do Brasil e dos EUA trocam experiências em programa de intercâmbio em Washington
INSS pagamento automatico auxilio doença
INSS suspende bloqueio de pagamento do benefício por falta de comprovação de vida
fake news não há nova contribuição sindical
Ao contrário do que diz a imprensa, não há nova contribuição sindical em discussão no país
reunião dieese servidores públicos
Servidor público, participe de reunião estratégica na defesa de seus direitos; acesse o link
Fessergs toma posse no conselho do IPE Saude
Presidente e vice-presidente da Fessergs tomam posse como conselheiros do IPE Saúde
TST novas regras recursos
Admissibilidade de recursos no TST tem novas regras a partir de fevereiro; saiba o que muda