Os documentos da Comissão Nacional da Verdade, que investigou crimes cometidos pelo Estado durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), serão disponibilizados para consulta pública no Arquivo Nacional, no Rio, e também na internet a partir da segunda quinzena de agosto.
Atualmente, o relatório de conclusão dos trabalhos da comissão, com três volumes, está disponível on-line, com cerca de 1.100 documentos anexados.
Em dezembro, a comissão concluiu que 377 agentes do Estado, muitos já mortos, violaram direitos humanos, utilizando tortura, desaparecimento e terrorismo, de 1946 e 1988 —período que vai do fim do Estado Novo de Getúlio Vargas à redemocratização após o regime militar. A comissão também identificou que 434 cidadãos foram mortos ou desaparecidos pelos regimes do período.
O que será posto à disposição da população agora são os documentos que embasaram a pesquisa e também os produzidos durante as entrevistas e diligências da CNV e das comissões estaduais da verdade constituídas no país.
O acervo terá documentos, testemunhos de vítimas e familiares, depoimentos de agentes do Estado, 47 mil fotografias, vídeos de audiências públicas, registros de diligências, laudos periciais, plantas e croquis de estruturas militares usadas na repressão e livros sobre o tema.
Também haverá documentos oriundos da cooperação com governos da Argentina, Alemanha, Chile, Estados Unidos e Uruguai.
O Arquivo Nacional recebeu o primeiro lote de 6.000 documentos, que será digitalizado e tratado e estará na internet a partir de 15 de agosto. Os arquivos estarão disponíveis na página da instituição. O segundo lote de documentos, que compreende material audiovisual, irá ao ar progressivamente, a partir do dia 27 de agosto.
Fonte: Folha de São Paulo