Políticos e personalidades que lutaram contra a ditadura também receberam um diploma que simboliza a luta dos trabalhadores e do movimento sindical contra o Golpe de 1964
Durante o Ato Sindical Unitário “Unidos, Jamais Vencidos”, em São Bernardo do Campo, dirigentes sindicais, políticos e personalidades do ABC paulista foram homenageados pela luta contra o Golpe de 1964. Todos foram perseguidos pela repressão da ditadura e das empresas, e tiveram participação fundamental na luta contra o período mais obscuro da história do Brasil.

Antonio Neto lembrou a trajetória do pai, Guarino Fernandes dos Santos, na luta contra a repressão. “Meu pai, líder dos ferroviários em Sorocaba, foi preso, caçado e torturado. Minha mãe se tornou viúva de marido vivo e eu, com 11 anos de idade, era o filho do comunista, que as pessoas viam na rua e mudavam de calçada”, disse Neto.
Guarino dos Santos entrou para a lista negra das empresas na época da repressão, e passou 7 anos desempregado, desempenhando outras funções para sustentar a família. “Estou duplamente emocionado, como homenageado e filho de um grande sindicalista que aqui recebe também esta homenagem”, completou Neto que recebeu do diploma do pai ao lado da mãe e de duas irmãs.
Alvaro Egea afirma que o Ato é um reconhecimento pelas centrais sindicais e também pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) da luta dos dirigentes sindicais e trabalhadores que sofreram perseguições, torturas e todo o tipo de discriminação e práticas antidemocráticas.
“O Brasil deve passar a limpo esse passado negro da ditadura, e as novas gerações precisam ter uma visão diferente desse período. Os trabalhadores deram sua contribuição decisiva para a conquista da democracia e também para limpar o entulho autoritário que ainda resta de legislação, de preconceito. Precisamos, sobretudo, buscar uma reparação da colaboração que as empresas tiveram com a repressão e que ainda fazem com os trabalhadores no local de trabalho”, criticou o secretário-geral da CSB.
Para Ismael Antonio de Souza, a homenagem foi significativa para os trabalhadores e simboliza a luta contra a impunidade. “Esse reconhecimento é muito importante para os que foram perseguidos e também para o povo brasileiro, aqueles que mais sofreram com a ditadura. O Ato e os outros eventos que virão para marcar os 50 anos do Golpe de 1964 servem como resgate da memória de um momento histórico marcante na vida do País”, reforçou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd).
Democracia e resgate da juventude
Os dirigentes da CSB ressaltaram que a democracia foi conquistada graças ao empenho daqueles que lutaram, sofreram e morreram durante a ditadura. Além disso, reafirmaram ser necessária a luta pela ampliação da democracia em todos os setores da sociedade brasileira.
“Precisamos resgatar esse momento para que a juventude tenha conhecimento sobre o que aconteceu. Para que saibam que, durante aquele período, sequer podíamos nos reunir. Eles precisam saber quem foram as Marias e Clarices da música do Aldir Blanc”, afirmou Antonio Neto.
“É uma obrigação nossa organizar atos como esse em todos os lugares para mostrar a história operária para os jovens brasileiros, para que eles possam cada vez mais estarem comprometidos com a construção de um país mais digno, soberano para todos”, completou o presidente da Central.
“Nós da CSB estamos orgulhosos de nossa participação no período de enfrentamento, resistência e conquista. Precisamos olhar com a perspectiva de que a democracia se aprofunde no sentido de conquistarmos mais direitos para os trabalhadores”, concluiu Alvaro Egea.








