Próximos atos acontecem já no mês de agosto; fim do PL 4330 será prioridade
Na manhã desta sexta-feira (12), as centrais sindicais se reuniram para fazer o balanço das paralisações, greves e mobilizações realizadas em todo o Brasil ontem, no “Dia Nacional de Lutas”. Mesmo sem ter o levantamento final de todos os movimentos realizados em todo o país, os dirigentes da CSB, CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central, CSP-Conlutas e CGTB foram enfáticos em afirmar que o movimento foi um sucesso e superou as estimativas iniciais.
“Equivocadamente, alguns setores estão tentando desqualificar o poder de ação do movimento sindical brasileiro. Mas ficou evidente que, mesmo sem a proposta de greve geral, muitas capitais ficaram desertas e milhares de trabalhadores participaram dos atos e mobilizações organizadas. Capitais, empresas e comércio pararam totalmente. No Brasil inteiro, o povo trabalhador, orientado pelas centrais e pelos sindicatos, aderiu às mobilizações. Isso é inegável”, destaca o presidente da CSB, Antonio Neto.
A unidade das centrais e dos movimentos sociais também foi outro ponto importante destacado pelos dirigentes. Além disso, as centrais evitaram qualquer comparação com as manifestações ocorridas no mês passado. “Nossa manifestação tem natureza distinta (das realizadas por jovens em junho). Ontem, buscamos parar fábricas e empresas, pois a participação dos trabalhadores é para mexer com a estrutura econômica do país. Essa é a força da nossa manifestação, não é a quantidade de pessoas que foram para as ruas. Fizemos uma escolha, que foi priorizar as paralisações. Essa escolha não é compatível com levar todas as pessoas para a mesma manifestação. Um operário que para de madrugada não vai ficar até as 15h na Avenida Paulista. A importância não se mede na quantidade de pessoas nas manifestações”, disse José Maria de Almeida, presidente da Conlutas.
Na avaliação do presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), os eventos cumpriram o seu objetivo. “Foi um sucesso a paralisação, até atividades que nós não esperávamos aderiram à paralisação. Foi importante para mostrarmos bandeiras históricas dos trabalhadores. Vamos agora dar prazo para que o governo cumpra as reivindicações e para voltar as negociações a sério. Se o governo não nos chamar para conversar, teremos o Dia Nacional de Paralisação, em 30 de agosto, que pode se transformar em greve geral”, disse.
Interdito proibitório
As centrais sindicais também condenaram as ações judiciais para impedir as manifestações dos trabalhadores. As entidades receberam mais de R$ 1 milhão em multas por conta do chamado interdito proibitório, que obriga o manifestante e os sindicatos a protestarem apenas a 200 metros da fábrica onde trabalham.
“Vamos marcar com o presidente do TST, para acertar uma audiência com ele no sentido de que o interdito não pode suplantar a lei de greve. Isso era usado no conflito agrário, mas estão impedindo o sindicato de falar com o trabalhador e de o trabalhador se manifestar. São coisas absurdas. Isso viola a lei de greve”, afirmou Vagner Freitas, presidente da CUT.
Os representantes das entidades decidiram, no encontro, manter a pauta trabalhista defendida durante as manifestações, fazer um levantamento em números da participação popular e organizar novos atos para pressionar o governo a destravar a pauta trabalhista.
As próximas ações serão já no mês de agosto. No dia 6, haverá manifestações em frente às federações patronais de São Paulo e Brasília pelo fim do Projeto de Lei 4330, que amplia as terceirizações. Foi definido também o dia 30/08 como o “Dia Nacional de Paralisação”, quando as centrais convocarão os trabalhadores a pararem suas atividades nas empresas e ficarem em casa. O transporte público das principais capitais do país pode ser afetado, segundo os dirigentes.
A CSB foi responsável por ações em 14 estados. Entre as categorias filiadas à CSB que aderiram, estão os trabalhadores vestuários de Guarulhos, que fecharam a Rodovia Presidente Dutra pela manhã. Participaram também profissionais de TI, caminhoneiros, portuários, motoboys, metalúrgicos, trabalhadores da saúde, servidores públicos municipais, estaduais e federais, movimentadores de mercadoria e trabalhadores rurais do interior paulista.
As principais reivindicações são:
• Fim do Fator Previdenciário;
• Jornada de 40 horas semanais, sem redução salarial;
• Fim do Projeto de Lei 4330 que amplia a terceirização;
• Reajuste digno para os aposentados;
• Mais investimentos em saúde, educação e segurança;
• Regulamentação da Convenção 151 da OIT;
• 30 horas para profissionais de enfermagem;
• Transporte público de qualidade;
• Reforma Agrária;
• Fim dos leilões do petróleo.