Nesta terça-feira (03), é celebrado o Dia Internacional da Pessoas com Deficiência. Mas infelizmente, não há muitos motivos para comemorar. Os PCDs compõem apenas 1,4% dos servidores no Executivo federal, segundo dados do painel estatístico de pessoal. A cifra fica muito atrás da demografia desse grupo, que representa 8,9% da população do país, de acordo com o último dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A ação das juntas médicas de concursos, que avaliam se um profissional com deficiência está apto ou não para assumir um cargo, e desafios no acesso à educação ajudam a dificultar a entrada de mais pessoas com condições físicas, sensoriais e intelectuais diferentes no setor. No setor público federal, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é o principal empregador de PCDs. Na sequência, vêm os ministérios da Fazenda e da Saúde.
Leia também: Investir em previdência privada em dezembro pode aumentar restituição do IR; entenda
Segundo Guirlanda Benevides, coordenadora do Núcleo de Pesquisa sobre Mercado de Trabalho e Pessoas com Deficiência, vinculado ao Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho) da Unicamp, ainda é comum comparar a forma como pessoas com e sem deficiência fazem tarefas do dia a dia, tanto no setor público quanto no privado. Benevides crê que tal prática fortalece o capacitismo, já que o profissional com alguma demanda física ou sensorial pode não fazer o trabalho da mesma maneira que os demais – o que não significa que ele seja incapaz de concluí-lo.
“Quando falamos desse grupo, os critérios são diferentes. Sempre existiu um conflito entre como o setor avalia o que o profissional com deficiência pode ou não fazer e como o próprio profissional se autoavalia”, afirma.
Secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella opina que as bancas dos concursos públicos podem se tornar mais humanizadas com a regulamentação da avaliação biopsicossocial, método que inclui outros profissionais além dos médicos, como psicólogos. Com essa análise, é possível entender não só as barreiras físicas, mas sociais que a pessoa com deficiência encontra ao assumir uma vaga, de acordo com a secretária.
Outro desafio para avançar no acesso dessa população a cargos no setor público é o baixo índice de escolaridade. Dados do IBGE divulgados em 2023 apontam que a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência é de 19,5%, cifra que cai para 4,1% no restante da população. Só 25,6% de brasileiros com alguma demanda física ou sensorial concluíram pelo menos o ensino médio. Entre pessoas sem deficiência, a taxa é de 57,3%.
Empresa Legal, Inclusão Real: Cumpra a cota, faça a diferença
Neste ano, o Sindpd-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo) lançou a campanha “Empresa Legal, Inclusão Real: Cumpra a cota, faça a diferença”, com objetivo de denunciar empresas que descumprem a cota e auxiliar o mercado no cumprimento da legislação.
Neste sentido, lançou um banco de vagas exclusivo para Pessoas com Deficiência (PCDs), com objetivo de simplificar o processo de contratação para as empresas e ampliar as oportunidades para a comunidade de PCDs.
Devido a uma deficiência significativa no cumprimento das cotas para Pessoas com Deficiência (PCDs), esta iniciativa permite que os candidatos interessados se inscrevam no programa e tenham seus perfis profissionais encaminhados diretamente às empresas que oferecem posições compatíveis.
Este sistema não só agiliza o processo de encontrar candidatos qualificados, mas também assegura que mais PCDs possam integrar o mercado de trabalho em posições que antes eram de difícil acesso. Se trata de um passo significativo para facilitar o acesso ao emprego para PCDs no setor de TI.
“Além de denunciar as empresas que falham em respeitar a lei, a campanha oferece soluções práticas para que as empresas se adequem e promovam a inclusão verdadeira no ambiente corporativo”, pontua o Sindpd.
O movimento do sindicato paulista reflete um esforço maior para remover barreiras no emprego e garantir que os direitos e oportunidades para PCDs sejam não apenas reconhecidos, mas efetivamente praticados no setor de Tecnologia da Informação. As empresas interessadas podem se beneficiar deste banco de vagas para encontrar candidatos aptos e comprometidos, contribuindo para um mercado de trabalho mais inclusivo e diversificado.
Parceria para recrutar PCDs
O Sindpd-SP, em conjunto com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação (Fenati), firmou uma parceria com uma empresa de qualificação e recrutamento de profissionais de tecnologia da informação, com ênfase a profissionais PCDs.
Entre as formações dos profissionais estão:
– Desenvolvedor(a) Full Stack Java
– Desenvolvedor(a) Front-end e Mobile
– Engenheiro(a) de Dados
– Desenvolvedor(a) Salesforce
– Desenvolvedor(a) ServiceNow
– Especialista em Cloud e IA
– Analista de Mídia e Performance
– Profissional de Mídia
– Analista de Dados
– Desenvolver(a) React e Node
– Desenvolvedor de Games
– Analista de TI
As empresas também podem optar pela parceria para a realização de bootcamps, com o objetivo de qualificar os profissionais, levando em conta as necessidades internas.
As empresas interessadas deverão enviar e-mail para [email protected].
Os profissionais que desejarem compor o banco de vagas também podem enviar seus currículos para o e-mail [email protected].
Com informações de Folha de S. Paulo