Evento teve o objetivo de resgatar a memória dos trabalhadores e sindicalistas perseguidos durante a ditadura
Ato realizado na segunda-feira, dia 31, na antiga sede do DOI-Codi, relembrou os 50 anos do Golpe de 1964. O evento organizado pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo teve a participação de entidades ligadas aos movimentos sociais e sindicatos. Ismael Antonio de Souza e José Carlos Quintino, representantes da CSB na CNV, representaram a Central. Ao todo, cerca de duas mil pessoas estiveram presentes.
O evento teve como objetivo não celebrar a data, mas lamentar o acontecimento considerado “O dia da vergonha nacional” e exigir a localização e identificação dos corpos e dos desaparecidos políticos, além do esclarecimento das circunstâncias e dos responsáveis por suas mortes. “A ditadura militar foi fundamentalmente uma ação contra a classe operária. Muitos dos desaparecidos são trabalhadores e sindicalistas que queriam um país mais democrático. Eu era trabalhador, sofri a tortura e fui exilado, pois lutava pelas causas que acreditava. Eventos como esses são fundamentais para o resgate da memória do proletariado”, disse Ismael Antonio de Souza. Na ocasião, também foram lembrados os nomes das 56 pessoas mortas no centro de extermínio do DOI-Coid, inclusive as que estão desaparecidas até hoje.
O ato não foi um espaço para discursos, mas uma manifestação com caráter político cultural que lembrou os momentos de tortura, sofrimento e repressão dos anos de chumbo. Houve apresentações do coral Martin Luther King, dos grupos de teatro: Cia do Tijolo; Mal Amadas; TUOV; Redemunho; Kiwi Cia de Teatro; Asdrúbal Serrano; Studio Heleny Guariba; apresentação de dança do grupo de Sandro Borelli, do bloco Unidos da Lona Preta e do documentário sobre violência policial, de Luciana Burlamaqui. “A ideia foi trazer à tona todos os fantasmas da ditadura que muitos tentam esconder, por isso foi utilizado a arte como meio de comunicação para que todos os públicos pudessem compreender o que foi a ditadura”, explicou José Carlos Quintino.
Desde janeiro de 2014, o prédio DOI-Codi foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). A ideia é transformar o espaço em um memorial das vítimas da ditadura. Pelo menos cinco mil pessoas foram presas e torturadas no DOI-Codi de São Paulo.
Atuação da CSB na comissão da verdade de São Paulo
Em 2013, A CSB passou a fazer parte do Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores, Trabalhadoras e ao Movimento Sindical da Comissão da Verdade. O objetivo do grupo é investigar e explicitar o envolvimento de empresas privadas e estatais na perseguição aos trabalhadores e sindicatos. Dentro desse grupo, há integrantes dos principais sindicatos brasileiros. Os representantes da CSB são o diretor do Sindpd em Campinas/SP, Ismael Antonio de Souza, e o assessor José Carlos Quintino.
Ato em São José dos Campos
No dia 26 de março, aconteceu um ato unitário, na Câmara Municipal de São José dos Campos, para marcar os 50 anos do Golpe Militar. A atividade teve como organizadores a CSB, as centrais sindicais e a Comissão da Verdade. O objetivo da iniciativa é recuperar a verdade e memória da época e lutar por justiça e reparação aos que tiveram suas vidas marcadas pelo regime. Ismael Antonio de Souza representou a Central.