Objetivo do evento é ressaltar a luta de trabalhadores comuns, que sofreram perseguição durante todo o período do regime civil-militar e estão até os dias de hoje sem o reconhecimento merecido
O Grupo de Trabalho Ditadura e repressão aos trabalhadores e trabalhadoras e ao movimento sindical da Comissão Nacional da Verdade, em parceria com a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), organizará o “Ato Sindical Unitário em Homenagem à Memória dos que Lutaram, para que Sua Luta Seja Eternizada”. Com o lema “Pelo resgate da memória, verdade, justiça e reparação”, o evento lembrará a resistência dos trabalhadores e dirigentes sindicais ferroviários, metalúrgicos, têxteis e rurais, e acontecerá em Sorocaba, no dia 26 de julho, a partir das 8h, no Sindicato dos Empregados no Comércio de Sorocaba. CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical, Nova Central e UGT também participarão do Ato.
De acordo com Antonio Neto, presidente da CSB, fazer este resgate histórico é fundamental para esclarecer o que ocorreu durante os 21 anos de repressão, nos quais os trabalhadores foram os mais atingidos. “Esse evento é uma forma de homenagear estes verdadeiros heróis da resistência contra a ditadura. Além disso, vamos conscientizar os jovens sobre essa parte obscura da história”, disse Neto. O dirigente lembrou que os trabalhadores precisam dar continuidade à luta pela democracia para que o Brasil nunca mais enfrente um período tão sombrio.
Há 50 anos ocorria o golpe civil-militar no Brasil, que causou a perseguição, tortura e morte de diversos trabalhadores, além da repressão ao movimento sindical. O objetivo do GT e do movimento sindical é estimular a realização de atos que relembrem os fatos históricos daquele período, em especial, as intervenções nos sindicatos e perseguições aos trabalhadores. Para Antonio Neto, essas ações são um grande avanço para resgatar a história não oficial do período em que os militares estiveram no poder. “Foi um golpe antinacional e antioperário, visando aumentar a concentração do capital nas mãos de poucos a partir da exploração da classe trabalhadora. Muitas pessoas sofreram com o golpe e com a distância dos familiares. Milhares de operários foram mortos e torturados. O Estado deve muito à sociedade”, explicou Neto.
Segundo o Grupo de Trabalho, somente no primeiro dia do golpe (1º de abril de 1964), 409 sindicatos, duas confederações e seis federações sofreram intervenções. Em alguns locais, foram colocados tanques de guerra em frente às entidades. Apenas nas primeiras semanas foram presas cerca de 50 mil pessoas. Todos aqueles considerados suspeitos perderam a sua filiação aos sindicatos. O GT promove uma série de atividades para relembrar a data, além de fomentar a investigação nos sindicatos sobre as graves violações aos direitos humanos cometidas durante o período (1964-1985).
Fonte: Cruzeiro do Sul