Convocada pelas centrais sindicais, manifestação foi realizada nesta quarta-feira (24), na Esplanada dos Ministérios
Mais de 200 mil pessoas, entre trabalhadores e dirigentes sindicais, de todos os cantos do Brasil, marcharam contra as reformas trabalhista e da Previdência e pela renúncia do presidente Michel Temer. Convocada pelas centrais sindicais, a manifestação foi realizada nesta quarta-feira (24), na Esplanada dos Ministérios.
“O ato foi uma grande demonstração de força de milhares de trabalhadores de todos os estados brasileiros e de todas as categorias. Ocupamos Brasília. Mostramos que estamos juntos e lutaremos até o final”, afirmou o presidente da CSB, Antonio Neto.
Brasília estava cercada desde a terça-feira (23) à noite, numa tentativa por parte do governo de impedir a manifestação pacífica dos trabalhadores. A cada quadra, a polícia tentava impedir a marcha de forma truculenta, jogando bombas, gases de efeito moral, usando a cavalaria e cachorros. Manifestantes ajoelhados, de mãos para o alto, e os que cantavam “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”, chegaram a ser alvejados por balas de borracha. “Nem a violência extrema e desnecessária desmobilizou o povo, que está cansado pela constante retirada de direitos”, analisou Neto.
“Os trabalhadores brasileiros estão decididos a impedir essas criminosas reformas contra os direitos trabalhistas e previdenciários. Nós não arredaremos um minuto o pé da rua para impedir que o povo brasileiro seja penalizado, principalmente por um Congresso e um governo que não têm a menor condição moral de debater temas tão sérios para a vida dos trabalhadores. A população está indignada com a truculência e o vale-tudo imposto pelo governo e seus aliados contra o País e o povo. Lutaremos até o fim e venceremos essa batalha”, completou o presidente da CSB.
Os trabalhadores tomaram Brasília para protestar contra as propostas do governo, que determinam, entre outros retrocessos, o fim da CLT com a instituição do trabalho intermitente, do negociado sobre o legislado; o estabelecimento da idade mínima para homens, mulheres, trabalhadores urbanos e rurais, dos setores público e privado se aposentarem e um tempo de contribuição de 40 anos para o acesso integral ao benefício previdenciário. Além disso, o povo pedia a renúncia do presidente Michel Temer, acusado de corrupção pelo dono do Grupo JBS, Joesley Batista.
Para o vice-presidente da CSB, Flávio Werneck, a decisão “demonstra que o governo usou a manifestação para decretar quase que um estado de defesa, uma lei-ordem para chamar os exércitos, as forças armadas para manter-se no poder. Nós percebemos que o governo com as últimas demandas não tem condições de continuar na Presidência”, frisou.
A marcha
Mesmo com os artefatos pesados da polícia, os trabalhadores continuaram mobilizados. O secretário-geral da Central, Alvaro Egea, criticou duramente os retrocessos. “Nós queremos a retirada dessa nefasta reforma trabalhista e da Previdência Social. Nós, trabalhadores, não aceitamos que esse Congresso, cuja maioria dos deputados e senadores está comprometida com a corrupção, com os interesses escusos das empreiteiras, faça uma reforma sem escutar os trabalhadores, sem negociar com as centrais. Estão praticando um crime contra os trabalhadores. Querem restabelecer a escravidão. Por isso, estamos dizendo nas ruas de Brasília: ‘Retirada já das reformas!’ e ‘Diretas já!’”, afirmou.
O também vice-presidente da CSB e presidente do Sindpen/DF, Leando Allan, ressaltou que os projetos não foram analisados pela população. “Essas propostas de reformas em nenhum momento foram discutidas com a sociedade. Nós queremos justiça. O trabalhador chegou a um ponto que não aguenta mais pagar impostos e obedecer aos desmandos do governo”, falou aos trabalhadores o dirigente.
Durante discurso, o secretário de Formação Sindical da CSB, Cosme Nogueira, assegurou que o povo não vai permitir a aprovação de projetos que prejudicarão a vida de milhões de brasileiros. “Falta assistência à saúde, assistência à educação, e esses que não nos representam querem impor reforma da Previdência, reforma trabalhista. Olhem só, as vozes da rua! O povo está descontente. Chega!”, disse.
O ator Osmar Prado também esteve presente na Marcha das centrais. Próximo aos Ministérios, Prado afirmou que “o povo tem que se unir”. “Os desmandos desse governo não podem continuar. Não à reforma trabalhista! Não à reforma previdenciária! Este momento é de reflexão e de união. Todos juntos numa força comum para derrotar os que já estão derrotados”, conclamou. Delegações da CSB em todo o Brasil participaram da mobilização.