Representantes das maiores Centrais brasileiras se reuniram na noite desta quinta (21) com a principal federação sindical chinesa (302 milhões de trabalhadores), que se comprometeu a interceder junto ao governo de Xi Jinping pelo fornecimento de insumos e ajuda humanitária ao Brasil
Na noite de quinta (21/1), o Fórum das Centrais Sindicais se reuniu com a Federação dos Trabalhadores Chineses para pedir apoio para a vacinação no Brasil.
Os representantes das centrais brasileiras solicitaram ajuda para liberar os insumos para a produção de vacinas no Brasil e fizeram um pedido de desculpas, em nome dos trabalhadores brasileiros, por causa das diversas agressões contra a China feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
A Federação dos Trabalhadores Chineses se comprometeu a fazer todos os esforços para apoiar a solicitação das centrais junto ao governo central e ao Partido Comunista chinês. Os sindicalistas chineses também expressaram solidariedade em relação ao agravamento da crise sanitária na Amazônia. A federação reafirmou ainda os laços de amizade tanto em relação às centrais brasileiras quanto entre os povos dos dois países.
“As palavras de alguns ignorantes políticos não vão comprometer as relações amistosas entre a China e Brasil”, afirmou An Jianhua, membro da direção executiva da Federação Nacional dos Sindicatos da China e chefe das relações internacionais da organização.
Participaram da reunião Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Vagner Freitas, vice-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Miguel Torres, presidente da Força Sindical, Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), José Reginaldo Inácio, vice-presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores, e Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).
“Nós também já conversamos muitas vezes com o governo para falar que a maioria do povo brasileiro e as centrais sindicais do Brasil, que representam a classe trabalhadora, sempre mantiveram uma atitude amistosa em relação à China”, lembrou An Jianhua.
Do lado chinês, além de An Jianhua, estiveram presentes na reunião realizada por meio do Zoom, Cro. Li Xiaobo, secretário internacional adjunto, Li Jiangfang, secretária internacional adjunta, e Zheng Jiaheng, secretario internacional para as Américas.
Ao final, Antonio Neto, presidente nacional da CSB, agradeceu aos chineses pela receptividade ao pleito das centrais brasileiras e lembrou os laços entre os dois países. “Esse diálogo é muito importante para continuarmos a afinar as relações entre os nossos povos, como temos construído também por meio da OIT e dos BRICs.”
A FEDERAÇÃO
A Federação Nacional dos Sindicatos da China é a maior entidade sindical do mundo, com 302 milhões de filiados em 1.713.000 organizações. Está dividida em 31 federações regionais e 10 sindicatos industriais nacionais.
É o único sindicato com mandato legal do país e também dirige uma faculdade pública, a China University of Labor Relations.
Foi oficialmente fundada em 1o de maio de 1925. Em 1927, a entidade foi interditada pelo então governo recém-estabelecido do regime nacionalista de Chiang Kai-shek. Todos os sindicatos liderados pelo Partido Comunista, caso da Federação, foram banidos e substituídos por “sindicatos amarelos” leais a Kai-shek.
Com a ascensão de Mao Tsé-Tung, em 1949, a Federação foi estabelecida como o único centro sindical nacional da China, mas foi novamente dissolvida em 1966 na esteira da Revolução Cultural.
Em 1978, dois anos após a morte de Mao, a Federação realizou seu primeiro congresso desde 1957. No início dos anos 1990, foi regulamentada pela Lei Sindical da República Popular da China.