A Argentina se mobiliza para uma nova onda de protestos contra as políticas de precarização de direitos do presidente Javier Milei. A ação, organizada pelas maiores centrais sindicais do país, teve início nesta quarta-feira (9) com manifestações em frente ao Congresso Nacional. A paralisação geral de 24 horas acontece nesta meia-noite de quinta-feira (10).
Entre as principais reivindicações estão a defesa da remuneração e dos benefícios previdenciários, a proteção do setor industrial local, a retomada de projetos de infraestrutura pública, a criação de um plano nacional para geração de empregos e o fim da criminalização de protestos pelo governo.
Os manifestantes denunciam a violação de garantias e liberdades, acusam o Executivo de promover disparidades sociais e destacam a ausência de diálogo ou negociação por parte de Milei.
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A greve é coordenada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), pela Central de Trabalhadores da Argentina Autônoma (CTA-A) e pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras da Argentina (CTA-T). Esta será a terceira vez que as três entidades organizam conjuntamente uma paralisação de larga escala.
Nesta manhã, representantes das centrais participaram de uma coletiva de imprensa na capital Buenos Aires.
“Acompanharemos maciçamente esta mobilização, como um prelúdio da greve geral de amanhã, onde expressaremos a vontade e decisão da classe trabalhadora de frear esta política governamental que desvia a riqueza produzida pelos trabalhadores, com medidas impulsionadas pelo próprio Milei, e que hoje ganha um novo capítulo nas mãos do FMI, tal como ocorreu com [Mauricio] Macri”, afirmou Hugo “Cachorro” Godoy, secretário-geral da CTA Autônoma.
Nas redes sociais, Milei reproduziu uma declaração do ministro da Desregulação e Transformação do Estado, Federico Adolfo Sturzenegger, com objetivo de criminalizar a luta dos trabalhadores.
“Uma greve é uma tentativa de extorsão. Não nos afeta em absolutamente nada. Continuaremos perseguindo nossos propósitos”, destacou o trecho compartilhado pelo presidente argentino.
Novo endividamento com o FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou ter alcançado um entendimento com o governo argentino para um novo empréstimo de US$ 20 bilhões via Mecanismo de Financiamento Ampliado (EFF). A liberação dos recursos, no entanto, depende da aprovação do Conselho Executivo do organismo, que deve se reunir nas próximas semanas.
Felisa Josefina Miceli, economista e ex-ministra da Economia durante o governo de Néstor Kirchner (2005–2007), teceu duras críticas ao novo empréstimo concedido pelo FMI à Argentina. Para ela, os recursos não vão aliviar a crise social que afeta a população argentina e, na prática, servirão apenas para financiar a próxima campanha eleitoral de Javier Milei.
“É um empréstimo absolutamente ilegal, que não está de acordo com a estrutura institucional atual do país porque não passou pelo Congresso para discussão; não é uma lei, como diz a Constituição, mas um decreto de necessidade e urgência”, diz Miceli.
Com informações de Agência Brasil e Brasil de Fato
Foto: reprodução/CGT