Central dos Sindicatos Brasileiros

Câmara debate redução da jornada de trabalho para os enfermeiros

Câmara debate redução da jornada de trabalho para os enfermeiros

Projeto que está parado há 14 anos pode ser aprovado ainda este ano

A Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (21), um debate sobre a redução da jornada de trabalho dos  trabalhadores da enfermagem na Comissão Geral. Participaram da sessão, no Plenário Ulysses Guimarães, representantes dos enfermeiros, de técnicos e de auxiliares de enfermagem, representantes do governo, de hospitais privados e filantrópicos, principalmente das Santas Casas. A CSB foi representada por Jorge Ubiratan Barreto, diretor de assistência social do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Nova Iguaçu e assessor parlamentar da Federação dos Empregados em Estabelecimento de Serviços de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, e por Antônio Gervásio Rodrigues,  vice-presidente do Sindicato Único dos Empregos em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Osasco e Região (SUEESSOR) e diretor de assuntos trabalhistas, de saúde e segurança no trabalho da CSB.

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O objetivo do encontro foi apresentar o projeto aos parlamentares e argumentar sobre a necessidade de sua aprovação para a defesa dos trabalhadores. Na terça-feira (13), o presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Rio Grande do Norte (Sipern), Domingos Ferreira, esteve reunido com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, para reivindicar a votação da matéria. “Nossa luta é para que essa lei seja aprovada e sancionada ainda este ano. Os trabalhadores não podem mais esperar. Essa é uma medida que visa buscar uma melhor qualidade de saúde para sociedade”, disse o diretor da CSB.

A categoria pede a regulamentação da jornada de trabalho, prevista no Projeto de Lei 2295/00, que reduz de 44 para 30 horas semanais. A lei está em tramitação na Câmara dos Deputados desde 2000. Há 14 anos a categoria luta pela regulamentação. Segundo Jorge Ubiratan, o objetivo é promover um amplo debate a respeito das condições de trabalho dos profissionais de enfermagem, bem como tratar da regulamentação da sua jornada de trabalho. O projeto esteve em  pauta em 2012, mas sem quorum para ser votado. “Devemos olhar e cuidar daqueles que cuidam da sociedade. A redução da jornada de trabalho não é uma perda para os hospitais ou para pacientes, pelo contrário, é uma forma de garantir a qualidade do trabalho e o bem-estar dos profissionais”, disse o dirigente.

No Brasil, a enfermagem representa cerca de 1,8 milhão de profissionais, de acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Hoje os enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem somam mais de 60% da força dos trabalhadores de saúde no País. “No entanto, apesar do grande contingente numérico e da influência decisiva de seu trabalho na qualidade das ações de saúde, esse grupo profissional não dispõe, até hoje, de nenhuma proteção legal a seu trabalho. E é uma das únicas profissões que ainda não têm um piso salarial ou regulamentação de carga horária”, explica Ubiratan.

Segundo Antônio Gervásio, a culpa de o projeto não ter sido votado ainda na Câmara é dos hospitais particulares, que  fazem pressão para que o projeto não seja votado. “O setor privado de saúde pressiona contra a votação e justifica isso com o argumento de que não poderá contratar profissionais com a redução da carga horária”. Pelos cálculos do setor e de técnicos do governo, o impacto da redução da jornada de trabalho seria de R$27 bilhões por ano, entre horas extras e contratação de mais de 400 mil novos profissionais. “Esses números não representam prejuízos, mas sim um ganho, pois significa que haverá mais trabalhadores empregados e mais dinheiro movimentando a economia”, afirma.

De acordo com Ubiratan, o assunto é visto com simpatia pelas lideranças partidárias, e que este é o momento de uma ação para a aprovação da proposta. “Henrique Alves tem um compromisso em aprovar esse projeto de lei ainda em 2014″, completou.