Cade condena cimenteiras por formar cartel

Seis fabricantes terão de pagar multa de R$ 3 bi por inibir a concorrência e inflar preços

Seis fabricantes de cimento foram condenadas por formação de cartel pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) nesta quarta-feira (28).

A decisão foi unânime e não cabem mais recursos no Cade. Somadas, as multas chegam a R$ 3,1 bilhões, o maior valor imposto pelo órgão num caso.

Juntas, as companhias envolvidas no cartel controlam cerca de 80% do mercado nacional de cimento.

A Votorantim, líder no setor, terá de pagar quase R$ 1,6 bilhão. Foram condenadas também as companhias Holcim Brasil, Cimento Itambé, Itabira Agro Industrial, InterCement e Cimpor Cimentos do Brasil –as duas últimas da Camargo Corrêa.

A Lafarge, apontada como parte do esquema, fez um acordo com o Cade e pagou R$ 43 milhões para encerrar o caso em 2007.

A condenação por cartel ainda incluiu o sindicato e duas associações do setor.

Além das multas, as empresas terão de se desfazer de parte das fábricas, abrindo espaço para o aumento da concorrência nos setores de cimento e de concreto.

Segundo o relator do caso, Alessandro Octaviani, as companhias atuaram em conjunto para fixar valores e inibir a concorrência por duas décadas, inflando artificialmente o preço do cimento e do concreto no Brasil. Com isso, lucraram ao menos R$ 28 bilhões no período.

O caso começou a ser investigado pelo governo em 2006. O julgamento foi iniciado em janeiro, mas interrompido pelo pedido de vistas do conselheiro Márcio Oliveira.

Em seu voto nesta quarta-feira, ele seguiu o entendimento do relator e dos outros conselheiros, que já haviam antecipado seus votos a favor da condenação dos acusados.

OUTRO LADO

A Votorantim disse, em nota, que irá recorrer da decisão na Justiça por considerá-la “injustificada, sem suporte nos fatos e sem base legal”.

A Itabira disse que levará seus argumentos à esfera judicial “segura do reconhecimento de sua conduta no mercado, sempre exemplar”.

A Holcim disse que “avaliará criteriosamente o resultado do julgamento para endereçar o tema de acordo com suas políticas internas e estratégicas corporativas”.

O SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) afirmou, por meio de nota, que também irá recorrer e “lamenta ter sido condenado pelo Cade por interpretações equivocadas de sua atuação”.

A InterCement disse que o Cade estabeleceu penalidades “descabidas” e negou à companhia um julgamento imparcial, “ignorando a ausência de provas e desrespeitando o devido processo legal”. A empresa irá recorrer.

Procuradas, Itambé e Cimpor não responderam até a conclusão desta reportagem.

Fonte: Folha de São Paulo

Compartilhe:

Leia mais
Design sem nome (2) (1)
CSB defende transição tecnológica justa em reunião de conselheiros com ministra Gleisi Hoffmann
painel 7 transição tecnológica e futuro do trabalho
Encontro Nacional CSB 2025: painel 7 – Transição tecnológica e futuro do trabalho; assista
regulamentação ia inteligência artificial
Regulamentação da IA é tema em destaque para centrais sindicais no Congresso
papa leão XIII e papa leão XIV
Com o nome Leão XIV, novo Papa homenageia Leão XIII, defensor dos trabalhadores e abolicionista
mapa mundi brasil no centro
IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro e hemisfério sul na parte de cima
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e meio ambiente
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas na Câmara