Ato contra juros altos – Uma manifestação contra os juros abusivos cobrados no país reuniu centrais sindicais, partidos políticos e movimentos sociais nesta terça-feira (21), em São Paulo.
A Central dos Sindicatos Brasileiros marcou presença no ato contra juros altos destacando também a importância de se revogar as maldades da Reforma Trabalhista, como passo essencial para combater a precarização do mundo do trabalho no Brasil.
Um caminhão de som foi palco de discursos de lideranças políticas e populares em frente ao prédio Banco Central (BC), na Avenida Paulista, coração da capital.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi alvo de duras críticas e de pedidos pela sua saída do cargo.
“Campos Neto cairá! Também solicitamos ao governo federal que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil saiam do cartel de bancos!”, disse o Secretário Nacional de Mobilização da CSB, Denilson Bandeira.
A data do protesto foi escolhida para coincidir com o dia da reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), que decide qual o valor da Selic, que está em 13,75% desde agosto de 2022. Essa taxa torna o Brasil o país com o maior juro real do mundo.
Vice-presidente da CSB em SP e presidente do SEAAC (Sindicato dos Empregados e Agentes Autônomos do Comércio) de Bauru, Lázaro Eugênio disse que a luta pela redução dos juros é de todos os brasileiros, e que até mesmo empresários estão unidos aos trabalhadores em torno dessa pauta.
“O ato reflete o apoio da sociedade ao projeto que venceu as eleições em 2022, que é o da retomada do crescimento econômico do país, do desenvolvimento, do emprego, da renda. Essa taxa de juros exorbitante, estratosférica, a maior taxa de juros reais do mundo, é impeditiva para o Brasil voltar a crescer”, afirmou.
Para Carlos Neves, secretário-geral do Sindcop (Sindicato dos Policiais Penais) e secretário dos Trabalhadores em Segurança da CSB, o ato contra juros altos foi importante para mostrar aos bancos e aos parlamentares que a luta contra os juros altos vai continuar.
“Os juros nesse patamar beneficiam apenas o sistema financeiro, é necessário que a população brasileira também seja contemplada. O dinheiro é do povo e deve ser aplicado para o povo, e não para criar uma dívida que prejudica toda a população”, argumentou.
Neves apontou que cada ponto percentual da Selic cria um rombo de R$ 38 bilhões nas contas públicas por mês, que vão para as instituições financeiras que emprestam dinheiro ao governo com a taxa mínima de 13,75% ao ano.
Segundo o sindicalista, a Selic poderia estar hoje em torno dos 6% se o Banco Central brasileiro operasse conforme o exemplo de seus equivalentes pelo mundo, como o Federal Reserve, nos Estados Unidos, e as autoridades financeiras europeia, que seguem uma política de juros reais negativos ou perto de zero.
Reforma Trabalhista
A CSB destacou também que, enquanto os juros altos são impeditivos para a criação de empregos, a manutenção da Reforma Trabalhista como está é incompatível com um governo e uma sociedade que respeita a dignidade dos trabalhadores.
Com uma faixa com a mensagem: “Lula, basta de escravidão! Revogue as maldades da Reforma Trabalhista já!”, a CSB lembrou ao presidente que o aumento dos casos de escravidão contemporânea foi possibilitado pela reforma de Michel Temer, que precisa ter seus itens que permitem a precarização do trabalho revogados imediatamente.
Nesta segunda-feira (20), o presidente da CSB-RS, Sergio Arnoud, entregou ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, uma proposta de Medida Provisória que revoga as mudanças feitas pela Reforma Trabalhista mais prejudiciais aos trabalhadores, juntamente com uma carta assinada por Antonio Neto, presidente nacional da CSB.