Antonio Neto: o veto da fome

São tempos difíceis, presenciamos atônitos o momento em que os nossos medos estão assustadoramente virando realidade. Afinal, nossas angústias são as mais humanas que existem. Estamos falando do medo da morte, da doença, do desemprego e da fome. São aflições que muitas vezes parecem distantes ou a sentimos em pequenas doses.

O coronavírus trouxe uma realidade muito pesada para o nosso dia-dia. As internações e mortes provocadas pela doença não são mais números distantes, viraram nomes de pais, mães, irmãos, amigos que fazem parte de nossas vidas. A pandemia que já ceifou a vida de quase 30 mil irmãs e irmãos brasileiros também está destruindo de forma implacável empregos e a renda do nosso povo, principalmente os mais sofridos e vulneráveis.

O monstro do desemprego, já em alta antes do COVID-19, ganhou força e segue crescendo sem a menor ideia da proporção que ele pode alçar. A incapacidade do Governo Federal em garantir crédito para os micro e pequenos empresários aguentar a crise, a falta de coordenação nacional nas ações de enfrentamento à pandemia e a crise política desencadeada por Bolsonaro e seus asseclas em meio ao coronavírus, potencializam uma crise que por si só já é devastadora.

Se já não bastasse tudo isso, o mesmo Governo Federal que libera 1.2 TRILHÃO de reais aos bancos durante a crise, é o mesmo que queria pagar míseros 200 reais de auxílio-emergencial para os trabalhadores brasileiros enfrentar a crise. O trabalho do movimento sindical e da oposição foi o que garantiu os 600 reais para cerca de 40 milhões de brasileiros encarar em isolamento social essa crise sem precedentes.

Sem escapatória, restou ao Governo dificultar o acesso ao auxílio-emergencial aos trabalhadores mais vulneráveis colocando o nosso povo em filas quilométricas em postos da Caixa e em situações humilhantes para ter acesso ao recurso.

Ouvindo o clamor popular e o povo organizado, o parlamento, corretamente, ampliou o benefício para outras categorias como taxistas, caminhoneiros, artistas e pescadores, garantindo uma indenização mínima para famílias que viram suas rendas desaparecerem com a pandemia.

O que parecia ser um alento aos autônomos virou decepção e revolta. Bolsonaro de forma vil vetou o auxílio para milhões de trabalhadores atingidos pela mais grave crise da nossa história. Um veto que tira comida da mesa do nosso povo para garantir aos poderosos fartas mesas, passeios de jet-ski e churrascos de comemoração pelas vidas levadas pela doença.

Resta a nós nos organizarmos para derrubar o Veto da Fome. Somente com pressão popular, luta política e organização, faremos que o Presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, paute a derrubada deste veto que certamente levará a morte brasileiros desamparados por um governo que despreza seu povo.

Antonio Neto
Presidente Nacional da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)

Compartilhe:

Leia mais
aumento emprego entre mulheres
Número de mulheres com carteira assinada aumenta 45% em um ano
nota centrais sindicais contra plano golpista
Nota das centrais sindicais: "União contra o golpismo e pela democracia"
Antonio Neto Sindis
Antonio Neto: Sindicatos devem aproveitar tecnologias e se adaptar para sobreviver
empresa obriga mãe voltar ao trabalho recém-nascido
Empresa é condenada por obrigar mãe a voltar ao trabalho uma semana após dar à luz
semana 4 dias de trabalho aumento produtividade
Empresa aumenta produtividade em 20% ao adotar semana de 4 dias; Brasil testou modelo
Antonio Neto 3 congresso cspm
3º Congresso da CSPM: Antonio Neto fala sobre necessidade de adaptação dos sindicatos
escala 6x1 prejudica saúde mental
Escala 6x1 prejudica saúde mental e produtividade dos trabalhadores, diz especialista
ministra esther dweck defende estabilidade do servidor público
Estabilidade do servidor é pilar de defesa do Estado, diz Esther Dweck em resposta à Folha
CSB no G20 Social
CSB defende fim da escala 6x1 e proteção aos direitos dos trabalhadores no G20 Social
movimento sindical g20 social rj taxação ricos
Centrais defendem taxação dos mais ricos e menos juros em nota pós G20 Social