São tempos difíceis, presenciamos atônitos o momento em que os nossos medos estão assustadoramente virando realidade. Afinal, nossas angústias são as mais humanas que existem. Estamos falando do medo da morte, da doença, do desemprego e da fome. São aflições que muitas vezes parecem distantes ou a sentimos em pequenas doses.
O coronavírus trouxe uma realidade muito pesada para o nosso dia-dia. As internações e mortes provocadas pela doença não são mais números distantes, viraram nomes de pais, mães, irmãos, amigos que fazem parte de nossas vidas. A pandemia que já ceifou a vida de quase 30 mil irmãs e irmãos brasileiros também está destruindo de forma implacável empregos e a renda do nosso povo, principalmente os mais sofridos e vulneráveis.
O monstro do desemprego, já em alta antes do COVID-19, ganhou força e segue crescendo sem a menor ideia da proporção que ele pode alçar. A incapacidade do Governo Federal em garantir crédito para os micro e pequenos empresários aguentar a crise, a falta de coordenação nacional nas ações de enfrentamento à pandemia e a crise política desencadeada por Bolsonaro e seus asseclas em meio ao coronavírus, potencializam uma crise que por si só já é devastadora.
Se já não bastasse tudo isso, o mesmo Governo Federal que libera 1.2 TRILHÃO de reais aos bancos durante a crise, é o mesmo que queria pagar míseros 200 reais de auxílio-emergencial para os trabalhadores brasileiros enfrentar a crise. O trabalho do movimento sindical e da oposição foi o que garantiu os 600 reais para cerca de 40 milhões de brasileiros encarar em isolamento social essa crise sem precedentes.
Sem escapatória, restou ao Governo dificultar o acesso ao auxílio-emergencial aos trabalhadores mais vulneráveis colocando o nosso povo em filas quilométricas em postos da Caixa e em situações humilhantes para ter acesso ao recurso.
Ouvindo o clamor popular e o povo organizado, o parlamento, corretamente, ampliou o benefício para outras categorias como taxistas, caminhoneiros, artistas e pescadores, garantindo uma indenização mínima para famílias que viram suas rendas desaparecerem com a pandemia.
O que parecia ser um alento aos autônomos virou decepção e revolta. Bolsonaro de forma vil vetou o auxílio para milhões de trabalhadores atingidos pela mais grave crise da nossa história. Um veto que tira comida da mesa do nosso povo para garantir aos poderosos fartas mesas, passeios de jet-ski e churrascos de comemoração pelas vidas levadas pela doença.
Resta a nós nos organizarmos para derrubar o Veto da Fome. Somente com pressão popular, luta política e organização, faremos que o Presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, paute a derrubada deste veto que certamente levará a morte brasileiros desamparados por um governo que despreza seu povo.
Antonio Neto
Presidente Nacional da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)