Presidente do Sindpd e da CSB apresentou as questões legais, trabalhistas e sindicais para as atividades em home office
A Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) promove entre os dias 29 e 30 de maio o I Fórum ABRH-Nacional de Teletrabalho. O objetivo do evento é debater o trabalho a distância e a tecnologia, inovando a gestão de pessoas. O presidente do Sindpd e da CSB, Antonio Neto, foi um dos palestrantes do encontro com o tema “Relações Trabalhistas”.
O dirigente apresentou os aspectos legais, trabalhistas e sindicais necessários para a implantação do teletrabalho pelas empresas. Trabalhar meio período ou a distância em home office é o sonho de muitos profissionais, principalmente os das grandes cidades brasileiras. Alguns buscam fugir do trânsito, outros querem ter mais tempo para as suas atividades pessoais. No entanto, como explica Neto, é necessário que as empresas avaliem alguns aspectos importantes antes de migrarem para o sistema de trabalho a distância.
Segundo o presidente, o teletrabalho é uma realidade dos tempos modernos, mas há muito o que se discutir. “O ambiente de trabalho, adaptação e psicológico do profissional, controle do horário e equipamentos fornecidos pelas empresas são aspectos que precisam ser debatidos e acordados com os trabalhadores. Não existe uma legislação específica que regulamente o home office, mas há convenções de cada categoria que tratam do tema. O fundamental é que haja transparência entre a empresa, sindicato e trabalhador quando for selado um acordo referente ao teletrabalho. Cada parte deve saber o que lhe cabe de direito e dever”, avalia.
Ainda de acordo com Neto, é preciso que a empresa crie um sistema que possibilite o monitoramento do profissional que não está no escritório. “É necessário adotar um sistema que permita que o trabalhador se conecte à rede central mesmo estando fora do local de trabalho. Assim, é possível que a empresa tenha o controle das horas trabalhadas e possa cumprir seus deveres empregatícios”, destacou.
De acordo com o Top Employers Institute, empresa que pesquisa e certifica as práticas de RH em todo o mundo, 15% das companhias brasileiras instituíram o home office para os seus colaboradores; em 2013 esse índice era de 6%. O número ainda é baixo se comparado a de outros países. O Reino Unido, por exemplo, tem um dos mais elevados índices, com 65%, seguido pela Holanda, com 60%, e pela Alemanha, com 58%, segundo o mesmo estudo. Outros dados desta pesquisa apontam que, no Brasil, 45% das empresas têm práticas de trabalho com tempo flexível – a média mundial é de 77%.
Home office não é para todos
Talvez para a maioria dos profissionais o teletrabalho não funcione, pois requer muita disciplina, organização e principalmente método. Porém, muitas empresas já ingressaram nesta realidade e usam trabalhadores em home office há anos. Antonio Netoexplica que perfil do profissional é um dos principais pontos para que o modelo seja eficiente.
Para os que relacionam home office a trabalhar de pijama, fica o alerta. “É preciso cumprir metas e entregar resultados da mesma forma, portanto o profissional tem que ter disciplina para gerenciar o horário de trabalho sem ter um chefe controlando-o. Se a pessoa precisa ser cobrada para entregar resultados, não vai funcionar”, afirma o presidente.
Outro aspecto é a questão do horário flexível, que pode ser uma armadilha para os viciados em trabalho, levando-os a trabalhar inclusive nos finais de semana. “Com isso, perde-se o ganho em qualidade de vida. A disciplina é a chave do negócio. Se você consegue ser disciplinado e ter autogerenciamento, o home office certamente será um sucesso e trará muitos benefícios. Infelizmente nem todos os perfis profissionais se adaptam ao trabalho nesse modelo”, disse Neto.
Trabalhador de TI no teletrabalho
Profissionais de TI fora do escritório já representam cerca de 40% da categoria. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para o Sindpd. O estudo mostra que de cada 10 profissionais, dois trabalham no sistema in company, alojados nos clientes da empresa. 11% passam o dia a dia visitando vários clientes e 7% exercem suas atividades em casa.
O levantamento também aponta que esse fator tem ligação direta com a renda mensal familiar. O número de funcionários fora do escritório é maior entre quem ganha mais de 20 salários mínimos por mês, o equivalente a mais de R$ 12.440,00. 28% de quem ganha essa quantia trabalha no sistema in company. Já entre aqueles que recebem de 5 a 10 salários mínimos (R$3.110,00 a R$6.222,00) e de 10 a 20 (R$6.222,00 a R$12.440,00) esse índice cai para 19%.
Para Antonio Neto, essa é uma tendência que continuará a crescer. “Mas é necessário que as companhias garantam os direitos dos funcionários que ficam fora da sede”, conclui o presidente.