Ampliação do direito das domésticas avança no senado

13071883

A proposta também prevê auxílio creche e pré-escolar para filhos e dependentes até 5 anos de idade

O Senado aprovou nesta terça-feira, em primeiro turno, por unanimidade, a proposta que amplia os direitos das empregadas domésticas brasileiras. Setenta senadores votaram a favor da proposta. Não houve nenhum voto contrário ou abstenção –o que não é comum no Senado.

Para que as novas regras entrem em vigor, o texto precisa passar por nova votação no Senado, o que vai ocorrer na semana que vem. Como já passou pelo Senado, depois de aprovada no Senado a proposta de emenda à Constituição segue para a promulgação. Esse tipo de proposta não passa por sanção presidencial para entrar em vigor.

A proposta concede novos direitos aos empregados domésticos, como adicional noturno, hora extra, jornada máxima e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Passam a ter direito aos benefícios todos que prestem serviços domésticos, como jardineiros, motoristas e babás.

A PEC revoga o art 7º da Constituição Federal e deixa de segregar os direitos dos domésticos em relação a outros trabalhadores. Eles passam a ter jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 horas semanais, indenização de 40% do saldo do FGTS em caso de despedida sem justa causa e seguro-desemprego nos casos de demissão sem justa causa.

A proposta também prevê auxílio creche e pré-escolar para filhos e dependentes até 5 anos de idade, assim como seguro contra acidentes de trabalho, entre outros.

A estimativa de advogados, como Alexandre de Almeida Gonçalves, é que a aprovação da PEC represente um custo extra para o patrão de R$ 1.271,40 por ano, no caso de um salário de R$ 1.000.

O “custo doméstica” vai aumentar, segundo o advogado, porque será obrigatório o recolhimento do FGTS, bem como o pagamento da multa de 40% sobre o saldo do fundo na demissão sem justa causa.

ALTERAÇÃO

Para agilizar a aprovação da PEC, os senadores fizeram uma mudança de redação no texto para assegurar a licença maternidade de quatro meses às empregadas domésticas, prevista pela Constituição Federal. O texto aprovado pela Câmara não deixava claro o direito à licença.

Como o regimento do Congresso determina que a proposta retorne à Câmara se o Senado fizer mudanças no mérito do texto, a saída encontrada pelos senadores foi fazer uma emenda de redação na proposta –o que permite que ela não tenha que voltar para nova análise dos deputados.

REGULAMENTAÇÃO

Embora a PEC não precise de sanção presidencial, há ainda algumas dúvidas sobre a quando a lei será de fato aplicada –como no caso do pagamento de horas extras, em que não está prevista a necessidade de regulamentação.

Para o mestre em Direito do Trabalho e professor da pós-graduação da PUC-SP, Ricardo Guimarães, a lei pode causar uma “grande confusão na jurisprudência [entendimento consolidado entre os juízes]“.

“Como controlar a jornada? No caso de um processo, por trabalhar dentro de casa, a doméstica não teria testemunha que comprove as horas excedidas”.

O presidente da ONG Doméstica Legal, Mario Avelino, também ressalta a especificidade do trabalho doméstico, questionando como seria cobrada hora extra de um caseiro.

Segundo Avelino, o ministério do Trabalho está fazendo um estudo sobre a fiscalização a regulação da jornada do trabalhador doméstico. A pasta afirmou que só vai se pronunciar sobre o tema depois de sua aprovação definitiva no Senado.

Relatora da PEC no Senado, a senadora Lídice da Mata, (PSB-BA) avalia que itens como hora-extra e a redução dos riscos no trabalho não precisariam de regulamentação.

Para a senadora, somente direitos como a obrigatoriedade do recolhimento do FGTS, o seguro-desemprego, salário-família e remuneração do trabalho noturno superior ao diurno podem sofrer regulamentação posterior.

Isso acontece porque esses são direitos que devem atender às condições estabelecidas em lei, de acordo com a redação da PEC. Para a senadora, se já existem leis para outros trabalhadores que regulamentam esses direitos, as domésticas podem apenas se incorporar a essas regras já definidas.

O autor da proposta, deputado Carlos Bezerra (PMDB- MT), considera que praticamente todos os direitos entram em vigor a partir da aprovação da PEC. “A proposta dará às domésticas os mesmo direitos de todos os trabalhadores”, resumiu.

A opinião, no entanto não é consensual. De acordo com o professor Ricardo Guimarães, como os direitos estão inseridos em um artigo da constituição, existe uma teoria de que essas regras seriam auto aplicáveis, mas há também uma vertente que defende a necessidade da regulamentação.

Fonte: Folha de São Paulo

Compartilhe:

Leia mais
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e o meio ambiente; íntegra
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas em audiência na Câmara
csb menor (2)
Centrais apresentam pauta prioritária e agenda legislativa em reunião no Congresso
painel 5 encontro executiva nacional csb 2025
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 5 – Agenda parlamentar sindical; assista
painel negociação coletiva
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 4 – Práticas antissindicais; assista
csb menor (39)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 3 – Negociação Coletiva; assista
csb menor (38)
Centrais sindicais protestam contra juros altos em dia de mais uma reunião do Copom