País fechou abril com recorde de mais de 10 milhões de inscritos no programa
Primeiro país europeu a criar um esquema para evitar demissões, após a crise financeira de 2008, a Alemanha fechou abril com um recorde de trabalhadores inscritos no programa, mais de 10 milhões, e decidiu elevar a ajuda estatal a partir deste mês.
A lógica do sistema, chamado de Kurzarbeit, é evitar que uma crise temporária provoque danos duradouros tanto para os empregados quanto para as empresas, que perdem conhecimento acumulado quando cortam vagas.
O programa serviu de inspiração para o corte de jornada e salário no Brasil.
Com o salário ainda pago pela empresa, a renda do trabalhador se mantém em 92,8%, respeitado o teto previdenciário. O complemento maior veio ao mesmo tempo em que o governo permitiu que empresa mantenham a jornada reduzida por até dois anos.
No Brasil, o complemento é equivalente a uma parcela a que o trabalhador teria direito do seguro-desemprego e a redução, para quem recebe o teto do INSS (cerca de R$ 6.000) chega a 50% da renda.
Num exemplo hipotético, imagine alguém que trabalhava cinco dias por semana por € 1.000. Com a crise, ele só é necessária dois dias por semana, o que representa 40% da jornada. O empregador paga € 400 euros, e o governo banca 70% dos € 600 que ficaram faltando, que representam mais € 420 a partir do quarto mês.
O salário do trabalhador passa a ser então de € 820. A partir do sétimo mês, com o aumento da porcentagem de ajuda, o salário passa a ser de € 880. O programa permite que a pessoa faça trabalhos temporários nos dias em que deixou de ir à empresa.
Segundo os últimos números divulgados pela Agência Federal de Emprego, havia na Alemanha em 26 de abril 10,1 milhões de pessoas registradas no Kurzarbeit, número que superou todas as previsões de economistas.
No começo da crise de coronavírus, eles estimavam que entre 3 milhões e 7 milhões de trabalhadores teriam jornada reduzida. Na crise global de 2008, 3,3 milhões de pessoas chegaram a ficar no sistema. No total, o gasto extra com o Kurzarbeit por causa do coronavírus deve ser de € 2,6 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões) neste e no próximo ano.
Fonte: Folha de S. Paulo.