Central dos Sindicatos Brasileiros

Acordo quer ampliar consumo de alimentos da agricultura familiar

Acordo quer ampliar consumo de alimentos da agricultura familiar

Maneira como as pessoas se alimentam tem influência na biodiversidade da terra e também nas tradições

Um acordo de cooperação assinado hoje (24) entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a organização não governamental (ONG) Slow Food vai ajudar a promover e apoiar a produção e o consumo de alimentos vindos da agricultura familiar e de assentamentos rurais brasileiros. O documento visa à preservação e valorização de alimentos típicos encontrados em territórios rurais.

“Hoje estamos juntos aqui firmando um termo de cooperação no sentido de consolidar a segurança alimentar e nutricional do povo brasileiro”, disse o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias. Segundo o ministro, será dado incentivo para que alimentos mais saudáveis sejam produzidos, além de apoio técnico por meio da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, para que os agricultores familiares cultivem cada vez mais alimentos saudáveis.

Para o Slow Food, a maneira como as pessoas se alimentam tem influência na biodiversidade da terra e também nas tradições. Os seguidores do movimento afirmam que os alimentos devem ser produzidos respeitando o meio ambiente e também os produtores.

Carlo Petrini, fundador e presidente do movimento, disse que, com o acordo, será possível fortalecer a biodiversidade do país. “Fortalecer os produtos e a biodiversidade dos produtos que não são muito conhecidos nas comunidades e na cidade é a primeira coisa”, ressaltou Petrini. Para ele, é preciso valorizar o patrimônio alimentar do país, que, muitas vezes não é conhecido pelos próprios brasileiros e pode ter grande valor para a economia. Petrini considera os agricultores familiares defensores da biodiversidade e defende a preservação da sabedoria deles.

Segundo o termo assinado, o Slow Food fará um mapeamento das comunidades do país e catalogará, na chamada Arca do Gosto, alimentos que podem ser extintos. A Secretaria da Agricultura Familiar do ministério dará apoio para a  execução do mapeamento, além de articular com outros ministérios e organizações ações para que os alimentos sejam valorizados.

Como exemplo de alimento em extinção, o presidente do movimento Slow Food no Brasil, Georges Schnyder, citou o umbu. “Ele [umbu] entrou primeiro na Arca do Gosto, que é um catálogo que o movimento tem no mundo inteiro de produtos que estão em extinção. Trouxemos o umbu para a Arca e, mais recentemente, fizemos uma Fortaleza, que é outro programa para garantir que um alimento continue sendo produzido pela comunidade”.

A parceria com o ministério dará mais capilaridade para que os produtos possam ser mais conhecidos pela população. “No momento que o ministério trabalha nessas comunidades, o que vamos fazer? Vamos ampliar a exposição e o consumo desses produtos para garantir a subsistência deles. É isso que o Slow Food tem: capacidade de capilaridade”, explicou Schnyder.

Fonte: Agência Brasil

Michèlle Canes – Repórter da Agência Brasil