“A inflação fica estável, mas o crescimento está pífio”, afirma Neto

Em entrevista ao site R7, o presidente da CSB fez críticas ao aumento para 9,5% da taxa Selic divulgado pelo Banco Central

O portal R7 publicou hoje, 10 de outubro, a notícia do aumento da taxa básica de juros (Selic) de 9% para 9,5%, promovido pelo Banco Central. Segundo a matéria, os juros irão recair sobre o cartão de crédito e o cheque especial.

O presidente da CSB, Antonio Neto, foi entrevistado para falar sobre as consequências diretas que esse aumento provoca na vida do trabalhador e do mercado em geral.

 De acordo com Neto, a medida pode até conter a inflação. Todavia, o crescimento econômico fica comprometido e desencadeia uma instabilidade nos setores da indústria e comércio.

Confira a matéria na íntegra:

Nova taxa de juros deixa cartão e cheque especial mais caros.

Selic subiu de 9%  para 9,5% ao ano, o que vai encarecer crédito em lojas e bancos

Na tentativa de conter a inflação, o governo aumentou nesta quarta-feira (9) a taxa básica de juros (Selic) de 9% para 9,5%. Porém, mesmo evitando o aumento geral de preços, outros “vilões” irão pesar no bolso do consumidor: os juros do cartão de crédito e do cheque especial — veja as novas taxas médias no quadro abaixo.

Uma projeção feita pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) demostra que, com a Selic em 9,5%, a média dos juros do cartão de crédito será de 9,41% ao mês sobre o valor residual (no caso do pagamento mínimo) e chegará a 194,23% no ano.

Em termos práticos, o consumidor que tiver uma fatura de R$ 400 e pagar apenas R$ 200 terá no próximo mês um débito de R$ 218,82 mais os valores das compras no período. Os R$ 18,82 são apenas de juros.

As taxas do cheque especial também não ficam muito atrás e passarão a ser, em média, de 7,85% ao mês em cima do valor que o correntista utilizou.

Para o diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel Ribeiro, o governo torna o crédito mais caro e, com isso, contém a inflação porque fica mais difícil para as pessoas comprarem e os preços diminuem. Mas essa estratégia tem outras consequências.

— Com essas medidas, o consumidor fica com mais dificuldade de crédito, as vendas caem. Vendendo menos, as empresas começam a dispensar.

Para Miguel, em última instância a situação pode causar até mesmo o desemprego.

Segundo o presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Antônio Neto, o comércio sofre com o aumento da Selic e isso prejudica o desenvolvimento do País.

— Não vendendo, o comércio não compra da indústria, que não produz. A inflação fica estável, mas o crescimento está pífio.

Projeções de economistas de instituições financeiras apontam que o PIB (Produto Interno Bruto) do País não deve superar os 3% neste ano.

Como se não faltassem preocupações, mesmo com a alta dos juros para evitar o aumento geral dos preços, o professor de economia da UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie) Pedro Raffy Vartanian afirma que o principal problema no futuro será o repasse da alta do dólar para o preço dos alimentos que necessitam de matéria-prima importada e também os importados.

Nesta quarta-feira (9), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo IBGE, já demonstrou que, devido à valorização da moeda norte-americana, as carnes tiveram elevação de 0,88% e o frango inteiro de 3,04% no mês passado. A farinha de trigo também subiu 2,61% em setembro.

Poupança

Com a Selic em 9,5%, o rendimento da poupança não muda e continua 6,17% ao ano mais a TR (Taxa Referencial) — acompanhe as simulações de ganho na poupança no quadro abaixo.

De acordo com o diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel Ribeiro, mesmo não rendendo tanto, a poupança continua vantajosa frente aos fundos de renda fixa. Isso porque as aplicações nas cadernetas estão livres de impostos, enquanto que o dinheiro aplicado nos fundos sofre dedução de tributos.

A nova regra da poupança começou a vigorar em maio do ano passado. A mudança foi definida por meio de uma medida provisória e anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Com as modificações, cada vez que a taxa básica de juros, a Selic, chegar a 8,5% ou menos, as cadernetas vão render 70% da Selic, mais Taxa Referencial. No entanto, quando superar isso, elas terão o reajuste fixo de 6,17% ao ano, mais TR. A TR é uma taxa de referência dos juros que é calculada pelo Banco Central e usada como referência em vários investimentos.

Fonte: Vanessa Beltrão/ R7

Compartilhe:

Leia mais
Lula critica fala de campos neto
Lula critica fala de Campos Neto sobre aumento de salários ser uma "preocupação"
Manifestação contra juros altos 30 de julho
Centrais sindicais farão ato contra juros altos: cada 1% na Selic custa R$ 38 bi ao povo
eduardo leite nova proposta servidores
Governo do RS adia projetos de reestruturação de carreiras de servidores e anuncia mudanças
Grupo de Trabalho estudará impactos da inteligência artificial
Governo cria grupo para estudar impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho
GT do G20 sobre emprego em Fortaleza
CSB em reunião do G20: temas discutidos aqui são colocados em prática pelos sindicatos
adolescentes trabalho escravo colheita batatas cerquilho sp
SP: Operação resgata 13 adolescentes de trabalho escravo em colheita de batatas
sindicam-ba filia-se csb
Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Bahia filia-se à CSB
Parceria Brasil-EUA contra calor extremo trabalhadores
Parceria Brasil-EUA pelos Trabalhadores e OIT debatem ação contra calor extremo
BNDES abre concurso 2024 veja edital
BNDES abre concurso com 150 vagas e salário inicial de R$ 20 mil; acesse edital
pesquisa jornada flexivel trabalho híbrido
Flexibilidade de jornada é prioridade para 30% dos trabalhadores no Brasil