“A bandeira que temos de vestir agora é a bandeira do trabalhador brasileiro”, afirma desembargador Francisco Giordani

Palestrante se mostrou contra a retirada de direitos e defendeu a Justiça do Trabalho para proteger a classe trabalhadora

Defendendo o Direito do Trabalho como ferramenta de proteção dos trabalhadores, Francisco Peixoto Giordani, desembargador do TRT da 15ª Região, alertou sobre o atual cenário de mudanças na legislação trabalhista, em especial a proposta do acordado sobre o legislado. Segundo o palestrante do Encontro Nacional dos Movimentadores de Mercadorias, o momento que ele classifica como o do “pode tudo” não deve ser aceito. “Essa é uma ação de covardia, maldade e malícia para a classe trabalhadora”, criticou.

Giordani citou pensamento do sociólogo português António Casimiro Ferreira: “(…) a crise tem sido utilizada como mais uma oportunidade de subordinar os trabalhadores individuais, os governos e mesmo sociedades inteiras ao ritmo dos mercados do capitalismo global.” Sob esta argumentação, o palestrante alertou para propostas importantes, como a criação do imposto sobre grandes fortunas e a reforma tributária, que ainda não saíram do papel. “Só sobra para o trabalhador. Devemos prestar atenção: a classe patronal nunca se debate, está sempre afinada. No momento que estamos passando agora, nós temos de vestir a mesma camisa. A bandeira que temos de vestir agora é a bandeira do trabalhador brasileiro”, enfatizou o desembargador.

Francisco Giordani foi taxativo ao afirmar que não há mudanças na CLT que beneficiem os trabalhadores, apenas retiram conquistas. “Flexibilização é sinônimo de retirada de direitos”. Ele citou propostas que defende para mudar a Consolidação das Leis do Trabalho, como a previsão de dispositivos acerca da personalidade dos trabalhadores; maior proteção quanto aos acidentes do trabalho, com previsão da responsabilidade preventiva; dano existencial; contraditório nas despedidas por justa causa e garantias para que o direito fundamental ao lazer seja efetivamente usufruído.

Defesa do Direito do Trabalho

Segundo o desembargador da 15ª Região, o Direito do Trabalho existe para tornar civilizada a relação de emprego. “Na relação de emprego, dentro da empresa, o empregador faz aquilo que deseja fazer. Na prática, o empregador não precisa da Justiça, ele faz o que quer. Quem precisa da Justiça é o empregado. É preciso de algum direito que possa regular as relações de trabalho”, sentenciou Giordani, que também destacou o que ele classifica de “cultura do medo” nas questões políticas, econômicas e sociais.

Para ele, os trabalhadores precisam ter cuidado para não aceitarem tudo que lhes é proposto. O desembargador citou o exemplo do déficit da Previdência Social defendido por setores da sociedade e da grande mídia. “Isso tudo serve para provocar, cultivar e explorar o medo no coração de cada um dos trabalhadores. Desde que o homem é homem, procura-se dominar o outro pela cultura do medo”, disse Francisco Giordani, destacando estudos de entidades e especialistas que categoricamente afirmam que a Previdência é superavitária.

Citando a Constituição Federal como a base para as leis que regem as questões do trabalho, o palestrante deixou a clara a função do Estado Social na proteção aos trabalhadores. “Essa mudança que se quer fazer [acordoado sobre o legislado] já é por si só horrível para os trabalhadores”, pontuou. O desembargador afirma que “estamos mudando o tipo de Estado que a gente tem”. “O Estado Social não é gordura que se pode enxugar, e sim músculo, para tornar o Estado forte para todos, em que todos sejam fortes”, definiu, alertando para o que ele chama de “onda do mal que quer se levantar contra os trabalhadores do Brasil”.

O Encontro Nacional dos Movimentadores de Mercadorias da CSB tem transmissão ao vivo, direto de São Paulo. Clique aqui para assistir.

Confira a galeria de imagens do Encontro Nacional dos Movimentadores de Mercadorias

Assista à palestra:

Compartilhe:

Leia mais
Sintrammar diretoria eleita 2025
Chapa 2 vence eleições do Sintrammar de Santos e Região, com Erivan Pereira reeleito presidente
reunião mesa permanente servidores federais 20-02-25
Em reunião, servidores federais cobram governo sobre pauta de reivindicações travada
saúde mental no trabalho nr-1
Empresas serão responsáveis por saúde mental dos funcionários a partir de maio
img-pagamentos-inss-mudanca-carnaval
Calendário de pagamentos do INSS terá mudanças devido ao Carnaval 2025; confira datas
mpt campinas investiga empresas por pratica antissindical
MPT investiga 32 empresas de SP por coagirem empregados a se opor à contribuição assistencial
servidores excluidos reestruração carreiras rs mesa fessergs
Fessergs e governo do RS formam mesa sobre servidores excluídos de reestruturação
trabalhador indenização cancer
Trabalhador será indenizado em R$ 500 mil por demissão após comunicar câncer
saque fgts nascimento filhos
Projeto que libera saque do FGTS por nascimento de filhos avança na Câmara
CNJ regras inteligencia artificial judiciário
Conselho aprova regras para uso de inteligência artificial no Judiciário
Trabalho imigrantes Texas Tesla e SpaceX
Empresas de Elon Musk usam imigrantes irregulares em obras no Texas, diz reportagem